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domingo, 1 de setembro de 2013

O QUE É A GRATIDÃO?



        "Uma das falhas humanas mais chocantes é a da ingratidão, que revela insensibilidade de alma, educação defeituosa, egoísmo pronunciado, indiferença pela solidariedade que não deveria faltar no mundo.

        A insensibilidade da alma, com respeito à ingratidão, revela incapacidade emotiva. 
A emoção e a gratidão nas almas sensíveis ficam gravadas no subconsciente, com traços indeléveis.
 Se a sensibilidade não for suficientemente forte, os fatos não se registram, e a alma não dá o devido valor ao bem que recebeu, esquecendo-se dele com facilidade. 
Pode-se reconhecer a ingratidão como um fenômeno espiritual de aspecto negativo, que deve ser combatido, não deixando de mencionar, com reconhecimento, todo o benefício alcançado.

        A ingratidão é também o resultado de educação defeituosa, quando, desde pequeno, não se habitua o ser a compreender o valor de uma dádiva pelo lado afetivo. 
É certo que o ingrato traz, de encarnações passadas, o grave defeito, e, por isso mesmo, há necessidade de atentar para a sua educação, com maior rigor. 
Se a educação não tivesse o valor que realmente tem, não se conseguiriam, por meio dela, os sucessos confirmados. Não se deve descurar de fazer do infante uma criatura grata, sempre que a oportunidade se oferecer, sendo necessário guardar certa vigilância para não deixar passar o momento oportuno de despertar nele o sentido da gratidão. 
O assunto convém ser focalizado no lar, amiudadas vezes, para que impressione e se grave.
 Esta prática dá resultado, ainda que o espírito seja rebelde e custe a dar guarida aos bons ensinamentos, conselhos e exemplos.

        O egoísmo, que é um mal extremamente pernicioso, lança os seus tentáculos nas mais variadas direções para alimentar a ingratidão. 
De fato, o egoísta acha que todos têm a obrigação de servi-lo, de colocar-se sempre à sua disposição, de agraciá-lo, e que merece mais do que os outros. 
Não raras vezes, costuma retribuir um bem recebido apenas com um “muito obrigado” formalístico, e não se lembra mais do episódio. Há ainda os que sempre acham pouco o bem que lhe fazem, e vivem em clima propício à ingratidão.

        Não deve a criatura viver pensando que alguém tem obrigação de fazer-lhe qualquer coisa, mesmo que essa obrigação exista. 
Os pais, certamente, estão obrigados a proporcionar aos filhos tudo quanto necessitam, mas os filhos têm também o dever de ser gratos aos pais pelo que recebem deles. Só os filhos egoístas não entendem isso.
Filhos são almas encarnadas que se servem de dois seres adultos, os genitores, para consolidar a sua posição na Terra, muitas vezes à custa dos maiores sacrifícios destes. 
Logo, devem ser muito reconhecidos a seus pais pela oportunidade que lhes deram de possuir corpos físicos indispensáveis à sua evolução, e, por isso, grandemente disputados no plano astral.
Quase toda criança é egoísta, por não se saber controlar; o defeito aparece, espontâneo, sem nenhum disfarce. É ali, nesse egoísmo, que o sentimento da ingratidão pode encontrar meio fértil para o seu desenvolvimento. 
Os pais que puderem extirpar de seus filhos esse sentimento farão jus ao reconhecimento da coletividade

        Os que penetrarem, depois de adultos, no convívio social, com o repulsivo defeito da ingratidão, desconhecem o valor da solidariedade. 
Ninguém sente prazer em prestar auxílio à criatura reconhecidamente ingrata. Com isso, aos poucos vai-se tornando um ser quase segregado, quando todos têm de considerar-se integrados na grande família humana.
O ingrato é indiferente ao valor da amizade, tanto que a sacrifica com um gesto de ingratidão. 
Ele desconhece essa falha, não acredita nela, por ser difícil a cada um reconhecer os próprios defeitos, especialmente quando são muitos. Quando são poucos, há sinal de lucidez, virtude que falta ao ingrato. 
As pessoas de boa formação moral devem procurar induzir o ingrato ao uso da razão, para não continuar a representar papéis tristes.
Acontece, às vezes, que o ingrato vai recebendo favores do amigo, até o dia em que este se veja impossibilitado de o atender mais uma vez. 
É o bastante para que, esquecidos os benefícios recebidos, corte as relações com o amigo, não raro procurando intrigá-lo com outras pessoas.

        Causam decepção e desgosto as pessoas de tal formação moral, que se julgam sempre vítimas do semelhante, quando, na realidade, são elas os maus elementos.

        A ingratidão, gerando inimizade, intrigas, maledicência, oferece campo aberto para a atuação do astral inferior, por onde se constata ser ela um mal, de perigosos resultados. 
A ingratidão afeta a moral, destrói a simpatia e afasta toda a possibilidade de boa aproximação.

        No caminho da espiritualidade, não há ponto em que se possa apoiar a ingratidão. 
Espiritualidade e ingratidão têm sentido antagônico. O ingrato terá de despojar-se de sua bagagem inferior, para poder penetrar na órbita espiritual, em que o reconhecimento e a gratidão estão presentes em todas as ocasiões.
Não há quem não tenha motivos para ser grato a alguém por alguma coisa. 
A vida é de intercâmbio permanente. Ninguém vive inteiramente só. Uns e outros se valem, mutuamente, em todos os momentos. Há uma conjugação de esforços para o alcance de cada objetivo. 
Isoladamente, cada ser é uma ínfima fração do Todo, e somente este é que é absoluto. 
Nas correlações entre si dessas ínfimas partes fracionárias, nas solicitações mútuas que essas partes reclamam, está o princípio básico da solidariedade e de confraternização. 
Logo, ninguém pode prescindir da colaboração forçada no seio da atividade humana. 
Dessa colaboração surgem, para todos, os momentos de gratidão. 
Não deveria haver quem não experimentasse essa ventura, a ventura de ser grato pela demonstração de um gesto solidário, fraterno, amigo, impregnado da essência do amor espiritual.
       
    Os adeptos do Cristianismo são gratos aos pilares divulgadores da Doutrina por haverem ganho com ela maior conhecimento sobre a realidade da vida e esclarecimentos a respeito da maneira mais correta de agir ou proceder, não só no trato dispensável a terceiros, como em relação à conduta própria.
 O ser esclarecido libertou-se das ilusórias lendas religiosas e emancipou-se das opressões materialistas. 
Com esta compreensão, a gratidão se revela em estado permanente na alma.

        Ao contrário desse modo de sentir, a ingratidão acusa uma incapacidade de compreensão clara e nítida dos fatos. Fazendo uma análise do comportamento iníquo do indivíduo ingrato, ver-se-á a origem do mal na sua formação psíquica. 
O ingrato tem um caminho mais longo a percorrer em superfície mais acidentada do que aquele que é capaz de assimilar o alto sentido do reconhecimento.

        
No caminho da espiritualidade incentiva-se o avivamento da sensibilidade psíquica para que aflorem os predicados latentes da alma e se manifestem as virtudes ocultas no indivíduo.
 Entre essas virtudes se destaca, como uma das mais belas, a consciência da gratidão.

        No plano espiritual não existe a ingratidão, e, como a vida espiritualizada na Terra é um reflexo da que é vivida nesse plano, fácil é compreender que a ingratidão será varrida da face do mundo tão logo seja possível conduzir a humanidade ao caminho da espiritualidade.

        Como é importante o trabalho desenvolvido no sentido de facilitar ao ser humano o rompimento com os preconceitos existentes e, de fronte erguida, poder dar liberdade à alma de encontrar o que deseja, que é a sua espiritualização! 
A angústia que há por aí, o desassossego, a insatisfação íntima traduzem o desespero oculto do espírito por não poder livrar-se do materialismo narcotizador que, desde o berço, por consolidação de pensamentos escravizadores, vem perseguindo a alma sectária ou desorientada.

        A ingratidão aqui focalizada é um dos efeitos desse mercantilismo materialista cultivado por orientadores espirituais que de espiritualidade nada entendem, e, para desprestigiar esse vocábulo, querem confundi-lo com o baixo espiritismo.
 Espiritismo é a ciência que ensina a verdade sobre a vida espiritual, e os que seguem o seu caminho nunca serão ingratos, porque andam com passo firme em terreno igualmente firme."


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