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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

EMMANUEL - DOIS MIL ANOS DE AMOR



O Mentor de Chico Xavier

“O tempo, implacável dominador de civilizações e homens, marcha, apenas com sessenta minutos por hora, mas nunca se detém. Guardemos a lição e caminhemos para diante, com a melhoria de nós mesmos. Devagar, mas sempre”. (Emmanuel, em Fonte Viva)
O nome de Emmanuel está definitivamente associado ao de Chico Xavier e, certamente, a algumas das mensagens mais importantes, profundas e lindas do Espiritismo. 
Durante anos, o espírito Emmanuel manifestou-se por meio do médium mineiro, recentemente falecido, propiciando informações fundamentais sobre a reencarnação, além de mensagens que ajudaram milhões de pessoas a encontrar seu caminho na vida. Além do que, foi o guia espiritual de Xavier, sempre fornecendo instruções e mensagens reconfortantes, indicando com segurança o rumo que sua vida deveria seguir.
O próprio Chico Xavier disse que os contatos com o espírito começaram em 1931. Na época, Chico estava psicografando seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo. 
As menções a esse primeiro contato são contraditórias: uns dizem que o médium participava de uma de suas reuniões habituais; outros, que ele se encontrava nas proximidades de um açude. 
De qualquer forma, foi um contato visual muito forte, de modo que Chico chegou a descrever perfeitamente seu semblante. 
“Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso”, escreveu, “sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença. 
Mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. 
Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. 
Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida, e o sentimento afetivo que me impele para teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos”.
A questão central em torno desse encontro que provocou tantas transformações no Espiritismo, é que Emmanuel perguntou a Chico se ele estava, de fato, disposto a trabalhar mediúnicamente, com Jesus. A resposta, afirmativa, fez com que Emmanuel lhe dissesse que, a partir de então, deveria ter em mente que o serviço que se aproximava lhe exigiria uma disciplina fora do comum, e uma dedicação total ao trabalho, ao estudo e um esforço contínuo em direção ao bem. Certamente, a escolha não foi por acaso, uma vez que Chico Xavier é, provavelmente, um dos maiores exemplos de dedicação e amor ao próximo na história da mediunidade mundial.
Inicialmente, o próprio Chico não sabia quem era exatamente o espírito com quem estava se comunicando, uma vez que Emmanuel não se identificou, dizendo apenas ter sido – em sua última passagem como encarnado – um padre católico, que desencarnou no Brasil, e diz-se que esse era o padre Manoel da Nóbrega. 
Quando a revelação finalmente foi-lhe fornecida, ficamos sabendo que Emmanuel tinha vivido no tempo de Jesus Cristo, quando era conhecido como Publius Lentulus, e sua imagem foi associada à do senador romano Lentulus.

Senador Romano

Em 1939, a Federação Espírita Brasileira publicou o livro Há Dois Mil Anos, psicografado por Chico Xavier, e que traz a autobiografia de Públio Lentulus Cornelius. 
A história subseqüente das encarnações de Emmanuel surgiu com a publicação, em 1940, do livro50 Anos Depois, também pela FEB.
Na época em que era senador romano, Lentulus era casado com Lívia, com quem teve uma filha chamada Flávia. 
O senador era totalmente dedicado à sua atuação como senador, interessando-se apenas pela política. 
A esposa seguia os costumes mais moderados da sociedade. 
“Desde os primeiros tempos do Império”, escreveu Emmanuel, “a mulher romana havia-se entregado à dissipação e ao luxo excessivo, em detrimento das obrigações santificadoras do lar e da família”. Lívia, no entanto, estava entre aquelas que se orgulhavam do padrão das antigas virtudes familiares. Já a filha deles, Flávia, sofria com a lepra, uma doença bastante comum na época e considerada sem cura.
Mas as coisas começaram a mudar quando Lentulus foi mandado para Jerusalém, onde os ensinamentos de Jesus já começavam a se tornar comentados e conhecidos por todos. 
Quando foi para a cidade de Cafarnaum, atendeu o pedido de sua filha, cuja saúde piorava cada vez mais, e levou-a ao encontro do profeta de Nazaré, que lá se encontrava. 
O momento do encontro trouxe grande emoção ao senador romano, que chorou e sentiu-se incapaz de falar. 
Jesus lhe disse: “Depois de longos anos de desvio do bom caminho, pelo sendal dos erros clamorosos, encontras, hoje, um ponto de referência para a regeneração de toda a tua vida”. 
E disse ainda muito mais, até que Públio sentiu um torpor tomar conta de seu corpo, despertando algum tempo depois. 
Ao retornar à sua casa, viu que sua filha tinha sido curada. Lívia disse ao marido que, em determinado momento, a pequena Flávia sentiu o contato de mãos carinhosas em sua fronte e, em seguida, sentou-se em seu leito, com uma nova energia circulando em seu organismo. 
Ainda assim, Lentulus se recusou a reconhecer em Jesus o autor da cura milagrosa da filha.
Ao final de sua vida, Lentulus se retirou para sua residência em Pompéia, e só então começou a entender plenamente os ensinamentos que Jesus lhe transmitira naquele encontro em Cafarnaum. 
O ex-senador morreu no ano 79 – quando o Vesúvio entrou em erupção e soterrou Pompéia – e desencarnou com o coração concentrado em Jesus.

Encarnações

O título do livro 50 Anos Depois refere-se ao período de tempo passado entre a morte de Lentulus em Pompéia e sua encarnação seguinte. 
O senador retornou ao mundo material como o escravo Nestório, justamente o tipo de homem que o senador tanto prejudicou antes de perceber a verdade das palavras de Jesus.
Nascido na Grécia, mas de origem judia, Nestório tinha grande cultura e, depois de ter sido escravizado, foi comprado por uma família rica de Roma, e passou a trabalhar como professor. 
Ele também era cristão e, segundo conta a história psicografada, participou das pregações evangélicas do apóstolo João Evangelista, em Éfeso. 
Foi preso por participar das reuniões secretas de cristãos realizadas nas catacumbas das cidades, e foi condenado à morte violenta.
Reencarnou novamente por volta do ano 217, como Quinto Varro, romano seguidor dos ensinamentos de Jesus, assim como um defensor dos ideais de liberdade. 
Revolta-se contra as condições em que as classes menos privilegiadas de Roma têm de viver, mas percebe que um novo mundo está para surgir. 
Assume a identidade de Irmão Corvino ao saber de uma conspiração para matá-lo. 
Quando finalmente é preso, é condenado à decapitação, mas a pena é suspensa, e acaba morrendo lentamente na prisão. 
Sua encarnação seguinte ocorreu onze anos após, com o nome de Quinto Celso, que também sofreu o martírio no circo, morrendo queimado aos quatorze anos.
Uma das encarnações muito comentadas de Emmanuel foi como o Padre Manoel da Nóbrega, figura importante na história do Brasil. No entanto, ele apenas revelou ter sido, de fato, o padre Manoel da Nóbrega, numa sessão realizada em 1949. 
Parte da mensagem psicografada dizia: “O trabalho de cristianização, irradiado sob novos aspectos do Brasil, não é novidade para nós. 
Eu havia abandonado o corpo físico em dolorosos compromissos no século XV, na Península, onde nos devotávamos ao ‘crê ou morre’, quando compreendi a grandeza do País que nos acolhe agora. 
Tinha meu espírito entediado de mandar e querer sem o Cristo. 
As experiências do dinheiro e da autoridade me haviam deixado a alma em profunda exaustão. 
Quinze séculos haviam decorrido sem que eu pudesse imolar-me por amor do Cordeiro Divino, como o fizera, um dia, em Roma, a companheira do coração. 
Vi a floresta perder-se de vista e o patrimônio extenso entregue ao desperdício, exigindo o retorno à humanidade civilizada e, entendendo as dificuldades do silvícola relegado à própria sorte. 
Nos azares e aventuras da terra dadivosa que parecia sem fim, aceitei a sotaina, de novo, e por Padre Nóbrega conheci de perto as angústias dos simples e as aflições dos degredados. 
Intentava o sacrifício pessoal para esquecer o fastígio mundano e o desencanto de mim mesmo, todavia, quis o senhor que, desde então, o serviço americano e, muito particularmente, o serviço ao Brasil não me saísse do coração. 
A tarefa evangelizadora continua. 
A permuta de nomes não importa. Cremos no reino Divino e pugnamos pela ordem cristã. Desde que conheçamos a governança e a tutela de Cristo, o nome de quem ensina ou de quem faz não altera o programa”.
Reencarnado na vila portuguesa de Sanfins, em 18 de outubro de 1517, o padre ficou conhecido como “o primeiro apóstolo do Brasil”, para onde veio em 1549, na companhia de Tomé de Souza. 
Ele desencarnou em 1570, e renasceu cinqüenta anos depois, na Espanha, onde foi o padre Damiano, que lutou contra os mercadores de escravos.

Lentulus e Jesus

É inevitável que aqueles que não reconhecem a mediunidade de Chico Xavier ou mesmo a noção da reencarnação levantassem dúvidas quanto à veracidade dos relatos e mensagens obtidas pelo médium mineiro. Entretanto, os seguidores do Espiritismo podem apresentar uma prova de que Publius Lentulus realmente existiu e conheceu Jesus, através de uma carta encontrada nos arquivos do Duque Cesari, de Roma – documento que faz parte da biblioteca da Ordem dos Lazaristas de Roma. 
Trata-se de uma inscrição feita em folha de cobre, encontrada no interior de um vaso de mármore. 
A carta foi escrita por Publius Lentulus, senador romano, governador da Judéia, e predecessor de Pôncio Pilatos, endereçada ao imperador romano Tibério César. 
Nela, Lentulus descreve Jesus, a pedido do imperador que desejava saber de quem se tratava essa pessoa.
A carta diz: "Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é o filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado. 
Em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra. 
É um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. 
Há tanta majestade em seu rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura; são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. 
Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. 
O seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno. Nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada. 
O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, separada pelo meio. 
Seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros. 
O que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar. Faz-se amar e é alegre com gravidade. 
Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos. Na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. 
É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto por estas partes uma mulher tão bela. 
Porém, se a Majestade Tua, ó Cesar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível. De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. 
Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. 
Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. 
Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus. 
Muitos judeus o têm como divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade. 
Eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus. 
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo: aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido. Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo. 
Publius Lentulus, presidente da Judéia”.
(Gilberto Schoereder)


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