Reuven Feuerstein era filho de um rabino da cidade romena de Botoani. Quando tinha oito anos, um cocheiro analfabeto lhe pediu para que o ensinasse a ler a Torá, o livro sagrado dos judeus, em troca de seu relógio de bolso.
O cocheiro aprendeu a ler, mas o garoto não ganhou o relógio. Esta é a história da vida do psicólogo Feuerstein que, no seu Centro Internacional de Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem, em Jerusalém, faz questão de não cobrar de seus pacientes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele estudava Psicologia em Bucareste. Participou do movimento de resistência judeu, ajudando a enviar clandestinamente para a Palestina crianças, cujos pais tinham sido mandados para campos de concentração pelos nazistas.
Após a guerra, montou dois acampamentos para jovens traumatizados, sobreviventes do Holocausto, que não iam bem na escola.
Na Suíça, em 1948, estudou com Jean Piaget, o pai da Psicologia do Desenvolvimento.
De volta a Israel, prosseguiu a trabalhar no seu método para ajudar deficientes mentais ou jovens de baixo rendimento.
Seu método ainda é visto com desconfiança em alguns círculos acadêmicos. Mas, o que é certo é que ele contribuiu, de maneira notável, para a compreensão das habilidades e sua capacidade de modificação.
Enquanto muitos educadores acham que as crianças deficientes devem receber tarefas que não exijam muito, quase sempre manuais, Feuerstein desafia seus alunos com problemas intelectuais complexos.
Em dezembro de 1988, ele entrou em uma sala de aula da Universidade Barillan, próxima a Tellaviv.
Podem me dar os parabéns, falou. Tenho o orgulho de anunciar que acabei de me tornar avô. Meu neto tem Síndrome de Down.
Hoje, Feuerstein afirma: Eu sempre disse aos pais que o nascimento de uma criança com Síndrome de Down era motivo de alegria, e não de tristeza.
Quando meu neto nasceu, aconteceu comigo. Muitas vezes eu havia me perguntado qual seria minha reação. Mas passei no teste. O menino é uma fonte de alegria para mim.
Aos treze anos, ele está matriculado em uma escola comum.
Diz o avô: Ele vai crescer, casar-se e ter um emprego normal, como qualquer outra pessoa.
E quando lhe perguntam: Que tipo de emprego, responde depressa o sábio Feuerstein: O de professor, talvez.
Todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai, conforme ensinou o Mestre Jesus.
O psicólogo Feuerstein, em seu Instituto, dá provas desta verdade. Por suas mãos, passaram meninos novaiorquinos, como o pequeno Daniel, de onze anos; o pequeno autista da Costa Rica; o inglês Alex que, aos oito anos, teve removido o hemisfério esquerdo do cérebro e aos dezenove anos, aprendera a ler e a fazer as operações matemáticas básicas.
Mais do que isso: o rabino permitiu que seu método, que visa melhorar a inteligência e a capacidade de aprendizado, fosse traduzido para dezessete idiomas. Hoje, é ensinado em mais de cinquenta países, inclusive no Brasil.
Isso se chama fraternidade. Isso se chama esperança sem fronteiras.
( Com base no artigo Os milagres do Dr. Feuerstein, de Christopher Matthews, de Seleções Reader´s Digest, de abril de 2002).
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