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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PROCURAS?



Das águas mansas do lago de Genesaré parecia-lhe emanarem suavíssimos perfumes, casando-se deliciosamente ao aroma agreste da folhagem.
Foi nesse instante que, com o espírito como se estivesse sob o império de estranho e suave magnetismo, ouviu passos brandos de alguém que buscava aquele sítio.
Diante de seus olhos ansiosos, estacara personalidade inconfundível e única.
Tratava-se de um homem ainda moço, que deixara transparecer nos olhos, profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. 
Longos e sedosos cabelos molduravam-lhe o semblante compassivo,como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. 
Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiava da sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.
Públio Lentulus não teve dificuldades em identificar aquela criatura impressionante,mas, no seu coração marulhavam ondas de sentimento que, até então eram ignorados. 
Nem a sua apresentação a Tibério, nas magnificências de Capri, lhe havia imprimido tal emotividade ao coração. Lágrimas ardentes rolaram-lhe dos olhos, que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar.
Desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. 
Foi quando, então, num gesto de doce e soberana bondade, o meigo NAZARENO caminhou para ele, qual visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fonte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, como se ouvisse o idioma patrício, dando-lhe a inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração:
- Senador, porque me procuras?
*Obra: Há 2000 anos... - Chico Xavier/Emmanuel.

                                            

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