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sábado, 8 de agosto de 2015

SIMÃO, O CIRINEU: A CRUZ EM NOSSAS VIDAS

                                             

Lucas, um dos evangelistas, narra que: “E, quando o iam levando, tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus”. (Lucas, 23:26)
A história de Simão, o cireneu, é bastante conhecida, mas ainda nos traz profundas e valorosas reflexões, e a sua lição mostra-se atual e encontra terreno fértil nos dias vigentes, de tanta indiferença e egoísmo, que têm gerado tristeza e sofrimento à criatura humana.
O Espírito Amélia Rodrigues, na obra “Quando Voltar a Primavera”, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, esclarece que Simão havia nascido em Cirene, província romana a partir de 67 a.C., e vinha do campo, passando a acompanhar a sinistra procissão que conduzia Jesus à crucificação.
Jesus estava fisicamente fragilizado, por conta da noite de vigília demorada e as agressões que sofrera, e carregava uma cruz de quase setenta quilos, vindo a cambalear.
Simão, que já conhecia Jesus e admirava-o a distância, comove-se com seu sofrimento, vindo a ser escolhido pelo soldado para ajudá-lo com a cruz.
Diz Amélia Rodrigues que o convocado não reage e parece até que se rejubila interiormente. Ele curva-se, oferece o ombro amigo e auxilia Jesus, que lhe dirige um olhar de profundo amor, fazendo-o tremer de emoção desconhecida.
O cireneu testemunha a crucificação e jamais esqueceria Jesus. Mais tarde, busca os discípulos e passa a segui-los.
Simão, na visão de Amélia Rodrigues, torna-se um grande exemplo de solidariedade que o mundo nos solicita até hoje.
De fato, na correria da vida moderna, onde muitos se preocupam com a aparência exterior, o status social, o “ter” em detrimento do “ser” e os prazeres angustiantes, poucos se dedicam a socorrer aqueles que estão em sofrimento, material ou espiritual.
Há tantos feridentos da alma e do corpo aguardando que um cireneu apareça em suas vidas, ajudando-os a carregar a própria cruz, seja ofertando algum socorro material, seja cedendo o próprio tempo para ouvi-los, a fim de dar-lhes alguma orientação segura, uma palavra amiga, um acolhimento afetivo e ainda possa inseri-los em suas preces.
No exemplo de Simão, ele se viu compelido a ajudar Jesus e depois converteu-se ao cristianismo.
Assim ocorre com a maioria das pessoas, pois, ao se deparar com os sofredores, terá dificuldades em parar o que está fazendo para ampará-los, pois o amor, por enquanto, não se instalou em definitivo em suas almas.
Muitos se sentirão compelidos a ajudar por conta do ideal religioso que elegeram, que lhes ensina a grandiosidade da caridade, não obstante, em seu mundo interior, o desejo fosse de prosseguir sem socorrer.
Essa experiência faz parte do processo evolutivo, pois, através da lei abençoada da reencarnação, o amor autêntico e espontâneo, um dia, será patrimônio de todos.
O importante é promover o “bom combate”, conforme nos ensina Paulo de Tarso, para que possamos vencer o egoísmo e a indiferença, permitindo-nos o envolvimento pessoal com a dor alheia, até o momento da nossa adesão completa aos preceitos luminosos do Cristo, quando passaremos a socorrer sem questionar ou esperar gratidão, porque entenderemos que o amor é o sentimento por excelência a nos conectar com o Pai Celestial e a nos gerar uma imensa alegria de viver.
Convém registrar, ainda em torno do exemplo de Simão, o cireneu, que o Espírito Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, nos traz uma perspectiva diferente, elevada e atual para a lição em questão.
Assevera Emmanuel, no capítulo 140 da citada obra, que: “O mundo ainda é uma Jerusalém enorme, congregando criaturas dos mais variados matizes, mas se te aproximas do Evangelho, com sinceridade e fervor, colocam-te a cruz sobre o coração. Daí em diante, serás compelido às maiores demonstrações de renúncia, raros te observarão o cansaço e a angústia e, não obstante a tua condição de servidor, com os mesmos problemas dos outros, exigir-te-ão espetáculos de humildade e resistência, heroísmo e lealdade ao bem. Sofre e trabalha, de olhos voltados para a Divina Luz. Do alto descerão para o teu espírito as torrentes invisíveis das fontes celestes, e vencerás valorosamente. Por enquanto, a cruz ainda é o sinal dos aprendizes fiéis...”.
À semelhança de Simão, que se aproximou de Jesus e foi compelido a carregar a cruz, aqueles, que também buscam a proximidade com o Evangelho e se esforçam para viver suas seguras diretrizes, terão que carregar a própria cruz.
A cruz será o testemunho diário que confirma a fidelidade a Jesus.
O Espírito Joanna de Ângelis nos ensina que o cristão sem testemunho assemelha-se a solo árido e seco, destinado à morte.
O trabalhador do bem sofrerá calúnias, indiferença, abandono afetivo, desafios familiares e profissionais, doenças etc., que serão suas cruzes, mas, se for fiel ao Evangelho, saberá enfrentar com dignidade, convertendo essas experiências em aprendizado, ciente de que o amparo espiritual nunca faltará.
Sofrerá, ainda, a incompreensão alheia por ter elegido uma vida cristã, sem vícios e com prioridade aos compromissos espirituais, não se entregando aos modismos doentios vigentes na sociedade, mas compreenderá e terá compaixão, pois sabe que aquele que o julga ou o menospreza tem uma percepção limitada da vida.
Nos dias difíceis, saberá buscar com mais frequência a prece, haurindo as energias elevadas que procedem do mundo espiritual, e continuará a movimentar-se na caridade, porque ao ajudar o próximo a carregar a cruz, sabe que se fortalecerá, moral e espiritualmente, para suportar a própria cruz.
Deixemo-nos contagiar pelo exemplo de Simão, o cireneu, e não permitamos que o desânimo tome conta de nossas vidas, de forma que a solidariedade seja uma característica marcante em nossas condutas, a fomentar a construção da sociedade regenerada e fraternal do porvir.  
 
*Alessandro Viana Vieira de Paula.

                                                           

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