A falta de tempo para a auto-realização conduz à ansiedade responsável pela insatisfação, e, posteriormente, ao transtorno comportamental correspondente.
Não somente se necessita de tempo físico, mas também o de natureza mental, aquele que proporciona serenidade, que faculta o discernimento para entender os desafios existenciais e enfrentá-los com equilíbrio, sem culpa, nem rebeldia.
É no silêncio que se pode encontrar Deus, fruir de paz, desvendar os enigmas, auto-aprimorar-se.
Nem todos têm facilidade de silenciar aflições e perguntas pungentes na balbúrdia, na alucinação do cotidiano, tornando-se preciso buscar um lugar que propicie as condições ambientais facilitadoras das emocionais.
Como providência terapêutica, todos devem afastar-se por algum tempo do contubérnio em que se encontra detido, refazendo caminhos de pensamentos, revitalizando disposições para o trabalho, a família e a sociedade, auto-encontrando-se.
Não se trata de buscar um tipo de repouso entediante, feito de ociosidade, mas de um retorno às suas origens, à pureza do coração, à simplicidade, à análise de como é morrer, deixando as inutilidades que recebem atribuição de valiosos tesouros.
Viver é também uma experiência do morrer, considerando- se a incessante transformação orgânica operada nas células e nos departamentos que conformam o corpo.
Quando ocorre o fenômeno final - ou pouco antes - o ser desperta para o significado real da existência e das suas aquisições, experimentando frustração e amargura pelo uso inadequado que deu à jornada ora em encerramento.
Assim sendo, a busca de solitude é uma forma de despojamento de todos e de tudo, temporariamente, de forma a entender a vacuidade dos apegos e tormentos pelas posses de relativo significado.
O maior tesouro é a identificação do Eu, com todos os conteúdos vitais que conduz, aquisição que somente é lograda mediante ingentes sacrifícios.
A solitude em um lugar sossegado, ante um céu transparente e portador de noites estreladas, à beira-mar ou no bosque, na montanha ou no vale verdejante, no deserto ou num jardim, longe do bulício e perto do pulsar da Natureza, oferece forças para a auto-superação, a auto-iluminação, de forma que o retorno ao cotidiano não produz choque, não proporciona saudades do vivido, nem tormento pelo desejo de repeti-lo.
Solitude com reflexão, a fim de viver no tumulto sem desesperação, saudavelmente, tranqüilamente, eis o impositivo do momento.
O redespertar para a beleza, deixando-se mimetizar pela sua contribuição de harmonia e de vida, somente é possível quando o Eu emerge e passa a comandar as atividades, tornando-se gestor do próprio equilíbrio.
* Livro "Despertar do Espírito" de Joanna de Ângelis - psicografado por Divaldo Pereira Franco.
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