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domingo, 18 de setembro de 2016
POR UM BRASIL INTELIGENTE E ÉTICO
A união dessas duas faculdades, inteligência e moralidade, é, pois, necessária para criar uma preponderância legítima. - Allan Kardec, em “Obras Póstumas”.
Um dos aspectos mais comentados, em meio aos episódios relativos ao impeachment presidencial das últimas semanas, foi o baixo nível cultural revelado pela média dos parlamentares, ao se manifestarem nas votações, especialmente da Câmara Federal.
Houve de tudo. Desde inflamadas rezas pedindo a misericórdia de Deus, às vezes proferidas por deputados sobre os quais pairam sérias acusações de atos de corrupção, a xingamentos dos mais baixos a opositores e, até, cusparadas, em plenário, direcionadas a adversários políticos.
Foram cenas deploráveis, incompatíveis com a seriedade que se exige de homens públicos, chamados a debater e decidir sobre um dos mais graves momentos da história política do país.
“Eles não me representam”, disseram, em coro, brasileiros de todos os quadrantes, reprovando cenas verdadeiramente circenses, ora carregadas de humor, ora trágicas, quando não reveladoras de clara hipocrisia religiosa. Mesmo, no entanto, que a pessoas sensatas e politizadas reste essa sensação de não se sentirem representadas naquele colegiado, diante de tantas distorções, inegável que os agentes daqueles disparates lá não caíram de paraquedas e ali se encontram respaldados pelos votos de consideráveis parcelas do povo brasileiro. Há, sim, quem aplauda a violência, quem se compraza com manifestações homofóbicas, quem prestigie a corrupção e quem torça, inclusive, para que o Parlamento caia em absoluto descrédito, situação que justificaria, pensam, a adoção de regimes de força, de onde a representação popular esteja ausente.
Mesmo com tantas distorções, a democracia, conquista da Modernidade, continua se impondo como indispensável ao progresso dos povos. Ela é o caminho do aprendizado. Um povo é, naturalmente, gerido por seus valores culturais. Estes são adquiridos, amadurecidos, mantidos ou desprezados e, sucessivamente, cultivados e substituídos, exatamente pelos frutos que produzem. Experiências boas ou más, entretanto, coletivamente construídas, fazem a história da comunidade de Espíritos que constitui um povo ou uma nação. A prática da democracia é justamente o instrumento a possibilitar esse exercício.
Na visão filosófica espírita, inteligência e moralidade são os valores que aprimoram o gerenciamento de uma sociedade. Na medida em que, juntos e na mesma intensidade, se desenvolvam esses dois atributos do espírito, estará se assegurando o êxito da atividade político-administrativa.
Allan Kardec previu o advento do estágio mais avançado desse processo com a fase por ele denominada “aristocracia intelecto-moral”.
Com certeza – e os últimos episódios de nossa vida institucional bem o demonstraram – estamos distantes dessa meta. Mas não é de se esmorecer o ânimo. Experiências amargas como as que estamos vivendo no Brasil nos conduzirão à necessidade de mais se investir na integral educação de nossos cidadãos. Não há civilização sem inteligência, mas também não ocorre efetivo progresso humano sem que o ilumine a ética individual e coletiva.
*Milton Medran Moreira.
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