CONVITES DA VIDA
Para onde te voltes, onde quer que te encontres, defrontarás os
incessantes convites da vida. Uns se dirigem aos fulcros do espírito idealista
estimulando à ascensão; outros gritam nos recônditos do ser atormentado,
convocando ao abissal mergulho no sofrimento evitável.
Os arrojos tecnológicos facultam celeremente altas cargas de informações
que te pesam constritoramente, debilitando as forças do teu ideal. Simultaneamente
alargam horizontes para excelsas cogitações cuja magnitude
transcende a tua capacidade de apreender.
A litania do desespero chama-te a atenção.
A balbúrdia sexólatra desperta-te a observação.
O brado de revolta convoca-te ao exame das situações.
As mercadorias do prazer espicaçam-te os sentidos.
A loucura generalizada convida-te à alucinação marginalizante.
O medo envolve-te em angústia injustificável.
Ocorre que a Terra transita de “mundo de expiação” para “mundo de
regeneração”, consoante as felizes informações, recolhidas por Allan Kardec,
da Espiritualidade Superior.
Concomitantemente a paz necessita da tua cooperação.
A cruzada do amor e da caridade inspira-te passos gigantescos na direção
da liberdade plena.
O bem de qualquer denominação abrasa-te, guiando tuas aspirações nos
rumos infinitos.
A esperança, embriagando tua alma, conduz as claridades divinas aos
teus painéis íntimos.
Convidam-te: a reflexão a sublimes colóquios, a humildade a total
desprendimento, a fé a mudança de paisagens, o dever à luta incessante pela
sublimação, a paciência a cuidadosas realizações em profundidade, em suma,
o Cristo, ao inexcedível serviço da luz.
Ainda ontem homens e mulheres célebres fizeram-se notáveis porque
aceitaram os convites da vida, como desafios que aceitaram e dos quais se liberaram
com resultados felizes, mediante os quais se engrandeceram,
renovaram outros homens, outras mulheres e o mundo.
Milton, cego e pobre, após a morte de Cromwell, de quem era secretário,
esqueceu-se da limitação e ditou à esposa e filhas, em poesia de lirismo ímpar,
o seu “Paraíso Perdido”.
Steinmetz, não obstante a deformidade física, revelou-se a penosos
esforços cientista insuperável.
Roberto Luiz Stevenson, tuberculoso, olvidou as penas e tornou-se esteta
da literatura.
Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, apesar das dores cruéis que
experimentava em face da terrível enfermidade que sofria, esculpiu a pedra
com arte primorosa.
Eunice Weaver aceitou o desafio da lepra e, após admiráveis contribuições
sociais de outra natureza, levantou os Preventórios para os descendentes
sadios dos hansenianos, fazendo baixar a incidência do terrível mal, no Brasil.
Martin Luther King não temeu a discriminação racial e “colored” encabeçou
as “marchas da paz”, inspirado na resistência pacífica, logrando inestimáveis
conquistas para os irmãos perseguidos pelo vil preconceito.
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Estigmatizados por estranhas enfermidades ou livres delas, tocados pelo
ideal do amor e da beleza, incontáveis servidores da Humanidade atenderam
os convites da vida.
Olha em derredor, aprofunda observações, ausculta as vozes inarticuladas
em melodias sublimes em a Natureza e faze algo que te assinale positivamente
a passagem pela Terra.
Qualquer contribuição de amor ao próximo e aprimoramento próprio, vale
mais do que coisa nenhuma.
Não te escuses.
A vida é um sublime convite. Este livro apresenta-te alguns. (*) Medita neles. É
modesta contribuição que te trazemos quando a nacionalidade brasileira evoca
o sesquicentenário da sua emancipação política.
Lembra-te de emancipar-te, também, das algemas escravocratas de
qualquer natureza.
Liberta-te da opressão do mal, ainda hoje, agora.
Viver na Terra é honra que ninguém pode subestimar.
Um dia, o Rei Estelar, compreendendo a necessidade de elevar o homem
às culminâncias da felicidade no Seu Reino, aceitou o convite-desafio do mundo
em crescimento e desceu à Terra, erguendo-a, de tal modo que em breve a
dor e a miséria baterão em retirada, definitivamente, a fim de que se instalem
nela os chegados dias da “Jerusalém libertada” em plenitude de paz.
Joanna de Ãngelis
Curitiba, 5 de maio de 1972.
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