A Visão Espírita da Fé – A Base Racional da Fé Que é a fé?
O apóstolo Paulo responde que ela é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem. (Hb 11:1).
Resposta absurda? Nem tanto, pois não vemos a evaporação das águas sob a ação do sol, mas temos a convicção de que ela ocorre. E com certeza esperamos que a água evaporada voltará a cair, sob a forma de chuva, mais dia, menos dia.
Espiritualmente, que coisas esperemos com certeza? Que haja vida além da morte do corpo. E em que fatos invisíveis acreditamos? Na existência de seres espirituais.
Ajudando-nos a entender a fé, Vinícius nos diz que ela é a dedução do que não vemos, através do que vemos (em Na Seara do Mestre). Se na explicação da fé está a capacidade de deduzir é que há na base da fé um processo racional!
É o que diz o Espírito Meimei, com a pequena história “Sinais de Deus”, no livro Pai Nosso: um simples caravaneiro analfabeto ensina ao rico senhor da caravana como reconhece a existência de Deus, pela Lua e estrelas a brilharem no céu e que não são obra do homem.
Jesus confirma a fé como entendimento espiritual:
Um centurião de Cafarnaum rogou a Jesus lhe curasse o servo enfermo, mas sabia que o Mestre não precisaria ir até sua casa para isso, bastaria que desse uma ordem aos Espíritos que comandava e eles iriam até lá curar o servo. O centurião entendera isso comparando com ele mesmo, que também tinha homens sob suas ordens e os comandava e eles obedeciam. Do que sabia, o centurião deduziu o que não via: as equipes espirituais a serviço do Mestre. E Jesus afirmou: Em verdade vos digo que não vi tamanha fé em Israel. Entre os israelitas, Jesus não encontrara alguém que compreendesse tão bem a situação espiritual como o centurião. (Lc 7:1-10).
Para o apóstolo Tomé, porém, a dedução não bastou, só o fato vivido lhe deu convicção. Jesus lhe proporcionou o fato mas esclareceu: Bem-aventurados os que não viram e creram.
Feliz quem sabe raciocinar e deduzir sem precisar depender da experimentação pessoal.
Como quer que seja, um pela dedução, outro pela experiência objetiva, ambos chegaram à fé e nos dois casos, a fé teve base racional.
Para dar base á fé, o conhecimento:
Não precisa ser detalhado ou completo, a ponto de podermos explicar pormenorizadamente tudo em que cremos.
Que sabemos de como funcionam o cinema, o telefone ou o microcomputador? Deles só conhecemos, e nos bastam, os efeitos últimos que produzem. Igualmente, para termos fé em coisas espirituais, basta tenhamos a respeito um conhecimento prático, deduzido, uma relação de causa e efeito.
É o caso da oração que nos conforta, alivia, revigora e melhora disposições. Como? Mesmo sem o saber, recorremos a ela com sucesso.Também nos fenômenos de vidência ou de audição, que se dão sem que, muitas vezes, o médium saiba explicar como. Ou sonhos premonitórios, que ocorrem mesmo que não lhes conheçamos os mecanismo intrínseco.
Pode ser consciente ou inconsciente. Não revelam, a psicologia e a psicanálise que temos campos ocultos mas reais em nosso psiquismo?
Pode, também, ser físico ou metafísico, pois transcendemos ao corpo e participamos de outro plano, o espiritual. A parapsicologia tem constatado os fenômenos extrasensoriais, como a telepatia e a clarividência, e também os de psicocinesia.
Pode, ainda, estar relacionado a outras vidas, porque já tivemos muitas outras encarnações.
Todas essas fontes nos fornecem elementos e experiências que, embora fora dos sentidos comuns, são base racional para a nossa fé. Podemos dizer, como Shakespeare coloca na boca de sua personagem: Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia…
Nossa fé pode se fundamentar em conhecimentos de coisas invisíveis, inconscientes, relacionadas a outros planos, outras vidas, conhecimentos talvez ainda incompletos, nem por isso a fé deixa de ter uma base racional
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