A Missão de Ser Mãe
"O amor materno é um sentimento instintivo e uma
virtude". "Quando nasce na mulher o
sentimento de abnegação e devotamento em relação aos filhos,
essa energia psíquica inicialmente instintiva atinge o grau de virtude.
Esse amor persiste por toda a vida, sobrevive mesmo á
própria morte, companhando o filho
Até no Alem túmulo”.(pág. 890, Livro dos Espíritos).
A missão de ser mãe quase sempre começa com alguns meses de
muito enjôo, seguido por
anseios incontroláveis por comidas estranhas, aumento de
peso, dores na coluna, o
aprimoramento da arte de arrumar travesseiros preenchendo,
espaços entre o volume da
barriga e o resto da cama.
Ser mãe é não esquecer a emoção do primeiro movimento do
bebezinho dentro da barriga; o
instante maravilhoso em que ele se materializou ante os seus
olhos, a boquinha sugando o
leite, com vontade, e o primeiro sorriso de reconhecimento.
Ser mãe é ficar noites sem dormir, é sofrer com as cólicas
do bebê e se angustiar com os choros
inexplicáveis: será dor de ouvido, fralda molhada, fome,
desejo de colo?
É a inquietação com os resfriados, pânico com a ameaça de
pneumonia, coração partido com a
tristeza causada pela morte do bichinho de estimação do
pequerrucho.
Ser mãe é ajudar o filho a largar a chupeta e a mamadeira. É
leva-lo para a escola e segurar
suas mãos na hora da vacina.
Ser mãe é se deslumbrar em ver o filho se revelando em suas
características únicas, é observar
suas descobertas. Sentir sua mãozinha procurando a proteção
da sua, o corpinho se
aconchegando debaixo dos cobertores.
É assistir aos avanços, sorrir com as vitórias e ampara-los
nas pequenas derrotas. É ouvir as
confidências.
Ser mãe é ler sobre uma tragédia no jornal e se perguntar:
"e se tivesse sido meu filho?"
E quando vir fotos de crianças famintas, se perguntar se
pode haver dor maior do que ver um
filho morrer de fome.
Ser mãe é descobrir que se pode amar ainda mais um homem ao
vê-lo passar talco,
cuidadosamente, no bebê ou ao observa-lo sentado no chão,
brincando com o filho. É se
apaixonar de novo pelo marido, mas por razões que antes de
ser mãe consideraria muito pouco românticas.
É sentir-se invadir de felicidade ante o milagre que é uma
criança dando seus primeiros
passos, conseguindo expressar toscamente em palavras seus
sentimentos, juntando as letras
numa frase.
Ser mãe é se inundar de alegria ao ouvir uma gargalha
gostosa, ao ver o filho acertando a bola
no gol ou mergulhando corajosamente do trampolim mais alto.
Ser mãe é descobrir que, por mais sofisticada que se possa
ser, por mais elegante, um grito
aflito de "mamãe" a faz derrubar o suflê ou o
cristal mais fino, sem a menor hesitação.
Ser mãe é descobrir que sua vida tem menos valor depois que
chega o bebê. Que se deseja
sacrificar a vida para poupar a do filho, mas ao mesmo tempo
deseja viver mais - não para
realizar os seus sonhos, mas para ver a criança realizar os
dela.
É ouvir o filho falar da primeira namorada, da primeira
decepção e quase morrer de
apreensão na primeira vez que ele se aventurar ao volante de
um carro.
É ficar acordada de noite, imaginando mil coisas, até ouvir
o barulho da chave na fechadura
da porta e os passos do jovem, ecoando portas adentro do
lar.
Finalmente, é se inundar de gratidão por tudo que se recebe
e se aprende com o filho, pelo
crescimento que ele proporciona, pela alegria profunda que
ele dá.
Ser mãe é aguardar o momento de ser avó, para renovar as
etapas da emoção, numa dimensão
diferente de doçura e entendimento.
É estreitar nos braços o filho do filho e descobrir no
rostinho minúsculo, os traços
maravilhosos do bem mais precioso que lhe foi confiado ao
coração: um espírito imortal
vestido nas carnes de seu filho.
A maternidade e uma dádiva. Ajudar um pequenino a
desenvolver-se
e a descobrir-se, tornando-se um adulto digno, é
responsabilidade
que Deus confere ao coração da mulher que se transforma em
mãe.
E toda mulher que se permite ser mãe, da sua ou da carne
alheia,
descobre que o filho que depende do seu amor e da segurança
que
ela transmite, é o melhor presente que Deus lhe deu.
Ser mãe é assumir a
responsabilidade de contribuir com Deus na construção da humanidade
ditosa do futuro, auxiliando outra alma em sua caminhada
evolutiva.
Para cumprir missão
de tal envergadura, tem de superar
desafios e muitas vezes, renunciar
A seu próprio bem estar.
Ser mãe é viver em
júbilo por compartilhar com Deus o dom da vida,
é viver de emoção em
emoção, sofrendo resignadamente, mas seguindo sempre e
corajosamente.
Ser mãe é cantar de alegria, mesmo na estrada das
adversidades; é ter garra, força e coragem para auxiliar o Ser amado na busca da felicidade.
Sempre pronta a segurar na mão do seu rebento amado quando
das dificuldades da passagem,
orienta sobre o bem e o mal, mas respeita-lhe a
individualidade e permite-lhe o livre arbítrio.
Ser mãe é receber como filhos, espíritos com os quais mantém
laços de afinidade (simpatia) ou de resgates
(quando têm dívidas um para com o outro), tendo "outra" oportunidade
para que te redimas e aprendas junto com
ele.
Ser mãe na Terra, é ter a marca de Deus na alma, é saber ser
feliz com pequenas coisas, como o ajudar
constantemente, o amparar solícito, o afago de amor.
Ser mãe é transmitir
uma herança nobre às gerações que lhe
seguem (seu exemplo é a força
dominante na vida daqueles que convivem com ela, que o
herdam e transmitem às gerações
futuras), é instruir os filhos no caminho em que deve andar.
É receber como missão preparar as vidas daqueles que Deus lhe confiou, para que
os propósitos divinos sejam neles concretizados.
Toda mulher, de alguma forma, é mãe. Se não
é mãe do filho que gerou em seu próprio
ventre, é mãe de um
sobrinho, de alguém por quem desenvolve afeto. Este sentimento se
caracteriza por um amor forte, profundo e desinteressado,
que nada exige e que a tudo é
capaz de renunciar para ver os amados felizes.
A Maternidade é
inerente às mulheres. É uma dádiva divina especialmente dirigida à elas.
Elo entre Pais e Filhos
A verdadeira educação começa no lar. A mãe, nos primeiros
anos do bebê, é fundamental na sua vida.
Sua presença aquece seu coração e o guia no caminho da vida. Os laços do amor
dependem
muito da qualidade desta convivência mãe e filho. Se for bem
conduzido, o amor prevalecerá e a criança ampliará o triângulo familiar (Pai,
Mãe e Filho), aprendendo também a amar outras
pessoas.
Mesmo com o crescente espaço da mulher no mercado de
trabalho e as mudanças da sociedade, a função de educar, ainda é creditada a
ela e normalmente é a mãe quem passa mais
função de educar as crianças ainda é creditada a ela e
normalmente é a mãe quem passa mais
tempo com a criança.
Desde o princípio, a mãe é a primeira pessoa com quem a criança tem
contato. É a mãe quem vai apresentar o mundo para a criança.
Quando a criança nasce, o seu receptáculo de proteção e
carinho é a mãe. Um laço de infinitas
proporções é estabelecido.
Forma-se aqui uma
ligação emocional, amorosa que nunca mais irá se romper.
A figura materna é para o filho o bem mais precioso e a
confiança que a criança tem na mãe é imensa.
Nascimento:
No começo a criança nem percebe a diferença entre ela e a
mãe (experiência de fusão), pensa que são
uma coisa só, um corpo único;
entende isso como uma unidade. Mãe e bebê seriam
vivenciados como sendo um único ser e, portanto, indivisível
(neste período, o bebê não sabe
de sua existência psíquica).
1 Ano:
Um bebê de um ano normalmente entende que é uma entidade
distinta da mãe. À medida que os
bebês desenvolvem um maior controle motor, eles conseguem se
distanciar de seus pais e vê-los à distância, o que ajuda os bebês a perceber a
si mesmos como indivíduos separados. Essa
separação os ajuda a começar a desenvolver uma consciência
de si mesmo.
A criança vai perceber a diferença entre eles e finalmente
entender a individualidade de cada
um. A boa relação mãe/filho, que leva também em conta a
necessidade que o bebê tem de se
separar, vai ajudá-lo a estabelecer o processo de
separação-individuação, uma diferenciação
progressiva do eu na estruturação do seu psiquismo (o bebê
começa a tomar consciência de si
mesmo, distinguindo aquilo que é de seu próprio corpo daquilo que é uma representação do
mundo externo (o outro)). Um exemplo dessa fase é o Auto reconhecimento:
é quando o bebê se reconhece no espelho.
É nessa fase que a criança
investe em alguns objetos a função de substituir ilusoriamente a
mãe (com fralda,
paninho, ursinho), podendo, com isso, estar tranquila. O objeto amado do
bebê oferece segurança e conforto, especialmente em
situações de medo e insegurança.
Um pouco mais adiante, começa a surgir a possibilidade da
linguagem, quando ela passa a dar
nomes aos objetos (ex. a palavra "mãe", evoca
afetivamente tudo o que ela representa como
proteção, mesmo na sua ausência).
2 Anos:
Nesse período a criança aprende a falar. Com o feito vem um
grande senso de individualidade
O bebê tem uma visão egocêntrica do mundo. Ele vê a si mesmo
como o centro do universo e é incapaz de
ver o mundo sob os olhos de outra pessoa.Ele acredita que o mundo gira ao seu
redor.
O caminho da independência, que tem a sua primeira crise aos
dois anos com o surgimento do não e do uso do Eu, exalta a luta da criança para
auto afirmar-se, auto possuir, reconhecer-se
pessoa distinta do outro com o direito a vontades e
necessidades próprias.
Esta etapa é caracterizada por uma grande quantidade de
oposição. É como se a criança tivesse de fazer o oposto simplesmente como uma
comprovação de sua independência. Isso é um atestado de que ela tem um senso de
si
mesma como um indivíduo. Esses tempos difíceis são
importantes para ela começar a se tornar uma pessoa distinta.
A criança se distingue EU, deixa de referir-se a si mesma
pelo nome próprio,
vê-se definitivamente como UM, uma unidade, uma pessoa
separada do outro. É uma etapa
indispensável na fundação do EU, para a aquisição do auto-suporte,
da autoconfiança, do
sentimento de valorização e amor próprio.
3 Anos:
A maioria das crianças se torna competente no uso da língua.
Elas utilizam prontamente os
pronomes "eu", "mim" e "meu",
especialmente para defender a propriedade de seus brinquedos e outras posses.
Aos três anos de idade, a criança tem um bom senso de
"eu" e "você" e de "si" em
relação a "outros". Com melhores capacidades
cognitivas e com um repertório mais amplo de
experiências, ela interiorizou memórias das pessoas significativas
em sua vida, seus pais.
Aos três anos de idade, a criança tende a ter diversos relacionamentos com
outras pessoas que não seus pais.
É o período dos Elos Múltiplos, onde outras pessoas passam a
fazer parte da vida
dela, e.ela tem que desenvolver maneiras de interagir com
cada uma dessas pessoas.
Pode ser a babá, a professora, um amiguinho. O mundo da
criança se expande (por exemplo, quando ele vai para uma creche ou para a
pré-escola), as influências sobre a sua auto-estima
incluem as atitudes de novas pessoas em relação a ele. É
essencial dar a ele a segurança de que ele necessita de forma que possa sair e
explorar o mundo á sua volta.
Como é a mãe quem apresenta o mundo para a criança, o
resultado é que parte da sua visão de mundo é “transferida” para o filho.
Ela coloca um pouco de si no que está mostrando, a visão
dela, a forma de ver. Nesse contexto interfere a experiência
que a mãe teve como filha. Muitas
coisas vão se repetindo. Aquilo que ela recebeu da mãe,
passa para os filhos, e eles vão passar
para os seus netos.
Nesse sentido, a palavra da mãe tem muita força diante dos
filhos e nisto está
muita responsabilidade no que diz aos outros. Porém a voz
materna pode ganhar ou perder
autoridade moral perante os filhos, dependendo do modo de
vida que escolhe.
Por ser o primeiro contato da criança com o mundo é que a
mãe assume um papel importante em sua vida.
Todo o desenvolvimento da personalidade, de tudo o que a
criança vai ser no futuro,
está de certa forma nas mãos dos pais, mas em primeiro lugar
da mãe. O pai tem o seu papel,
muito importante, mas a mãe é o primeiro contato.
O contato físico no dia-a-dia entre a mãe e a criança até os
dois anos é muito importante. É por
meio desse tipo de contato que a criança vai perceber
valores como carinho e afeto ( a mãe passa o afeto através da forma como cuida
do bebê, como lhe faz carinho).
O carinho, o afeto, a atenção que a mãe dedica á criança são
fatores que irão influenciar na segurança durante a adolescência e na vida
adulta.
Pesquisas mostram que crianças que interagiram
satisfatoriamente com suas mães (até um ano de idade), apresentam baixo risco
de ter problemas de comportamento, como bullyng,
Mentiras, desobediência, etc.
Todo o aprendizado nessa etapa se refletirá na sua forma de
se relacionar com o mundo afora.
Os cuidados maternos vão definir seus valores, caráter,
nível de tolerância.
A mãe precisa suprir as necessidades da criança o suficiente
e entender também que o exagero é tão nocivo quanto a falta de cuidado.
A importância da presença continuada da mãe, na vida da
criança é um fato estudado e validado.
A criança precisa que a mãe lhe vá dando sentido à vida
desde que o concebe até a criança ser
suficientemente autônoma.
Mesmo depois de
adultos a presença disponível da mãe é sempre um fator se segurança afetiva.
A morte da mãe, desaparecimento ou sua ausência prolongada por vários motivos
( antes dos seis a sete anos) podem prejuducar o desenvolvimento da criança e
provocar um trauma
psíquico, com sensação de vazio e abandono, surgimento de
brecha afetiva, sentimentos de culpa e desamor ( acredita que a mãe foi embora,
porque não gosta dela, etc...)
O pai é fundamental na vida da criança, e se a mãe não puder
estar presente, que esteja o pai, porque, uma figura afetiva segura é
fundamental na saúde psíquica da criança.
A falta de afeto pode ocasionar problemas no futuro. Estudos
demonstram que a falta de afeto, de
atenção e de carinho pode acarretar problemas emocionais ou
deliqüência no futuro adulto.
Mas isso não significa que as mulheres devem deixar todo o
espaço que conquistaram nas últimas
décadas para voltarem a se dedicar exclusivamente à família.
A grande questão está na figura afetiva segura é fundamental na saúde psíquica
da criança.
A Nobre Missão de Maria
Maria é reconhecida em sua grandeza por outras religiões.
Tome-se, por exemplo, o Islamismo, que exalta sua elevação. O próprio
protestantismo, na voz de Lutero, reconhecia a importância de Maria,
contestando tão somente algumas distorções. Com o Espiritismo não é diferente,
reconhece-se a elevação de Maria.
No universo tudo evolui. Tudo. E todos devem contribuir para
a evolução da obra divina.
Dotados de livre arbítrio, as populações dos orbes avançam
em ritmos e rumos diferentes. Nos mundos menos evoluídos e mais materiais, como
a Terra, a transição positiva de idéias, tradições e comportamentos é lenta.
Por isso, espíritos de alta hierarquia espiritual descem dos cumes dimensionais
mais evoluídos em missão sacrificial e de amor, aptos para resistirem à
fornalha da carne, de suas tentações e desvios. Vêm dar testemunho e acelerar
mudanças, lançando, também, sementes que aguardarão o momento propício para
eclosão.
Mas, para que um espírito de altíssima graduação espiritual
tenha sucesso sobre as dificuldades da matéria, impõe-se a conjugação de
esforços de outros espíritos superiores que o antecedem para preparação do
caminho, tal como o agricultor fertiliza a terra para receber a sutil semente
grávida de vida.
Dentre todos os espíritos que conjugaram esforços para o
êxito da missão de Jesus, Mirian ou - como conhecemos -, Maria foi, quiçá, a
mais importante. Espírito de luz, anjo dócil de Deus, aceitou a missão de
aninhar em seu útero e lar de amor, o espírito mais evoluído que este planeta
já recebeu.
A missão para além de sacrificial – porque exigia a descida
de uma dimensão superior -, era também arriscada. Mesmo diante de uma missão
divina, as leis que regem a matéria devem ser respeitadas e delas não podem
esquivar-se os espíritos evoluídos que, ficam assim, vulneráveis às
vicissitudes próprias da carne. Quer isso dizer que Maria devia fazer,
rigorosamente, sua parte. Um desvio do plano, poderia inviabilizar a redenção
crística.
Maria deveria viver no mundo, mas sobrepairando-lhe, em
plenitude divina, preparando seu corpo, sua mente e seu lar para ambientar a
poderosa luz divina que se encarceraria na carne para romper o véu da matéria
densa e anunciar, noutras letras e tons, a vida celeste.
Ao contrário do que alguns exegetas especulam, Jesus e Maria
se relacionavam muito bem, mesmo porque ambos já conheciam o plano divino,
apenas submerso no inconsciente de Jesus por causa da barreira material.
Pode-se perceber simbolicamente a importância de Maria nos
estratégicos momentos da vida de Jesus, descritos nos Evangelhos. Ela aparece
no nascimento e morte de Jesus – firme aos pés da cruz -, e quando ele revela
ter despertado espiritualmente, ensinando no Templo ainda criança, bem como
quando publicamente fez seu primeiro “milagre”.
No planejamento espiritual, cumpria postar espíritos
colaboradores próximos a Jesus. Por isso, a providência divina também uniu
Maria por laço de parentesco com Isabel, que já idosa engravidou e trouxe à
carne outro espírito superior encarregado dos últimos preparativos para chegada
do Cristo: João Batista – a voz que clamava no deserto -, que mais tarde o
batizou e deu início à parte final de sua missão.
É, por certo, o encontro das duas mulheres grávidas, uma das
mais belas passagens bíblicas do Novo Testamento, registrada por Lucas
(1:39,48):
“E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às
montanhas, a uma cidade de Judá, e entrou em casa de Zacarias, e saudou a
Isabel, e aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha
saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com
grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto de teu
ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu
Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a
criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão
de cumprir-se as coisas que da parte de meu Senhor lhe foram ditas. Disse então
Maria: A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu
Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora
todas as gerações me chamarão bem-aventurada.”
Como se pode notar, eis a passagem evangélica que dá base à
oração conhecida por Ave Maria que, adaptada pelo Catolicismo, troca “Mãe de
meu Senhor” por “Mãe de Deus.”, na versão de nossos irmãos.
Jesus encontrou na doçura, dedicação, bondade e altivez da
mãe as condições necessárias para despertar, sem intervenções indevidas, todas
as incomensuráveis potências de seu espírito puro, ainda então se recobrando do
mergulho pesado, embotador e sofrível na carne.
E é assim que devemos devotar-nos a Maria, como espírito de
luz, portadora de um amor que a blindou contra as dificuldades da carne,
permitindo-lhe uma dedicação extrema, mas dócil e altiva, tudo em prol da
missão do Cristo.
É justamente esta natureza dócil e amável de Maria, que a
habilitou a capitanear um trabalho duro, áspero, incansável no plano
espiritual. Através da sublime mediunidade de Yvonne A. Pereira, o espírito
Camilo Cândido Botelho noticia no livro Memórias de um Suicida, que Maria
coordena a Legião dos Servos de Maria, equipe de abnegados servidores
espirituais que auxiliam os suicidas.
Só pode compreender a relevância da missão mariana quem
conhece as dificuldades que os suicidas têm de enfrentar quando despertam no
plano espiritual. Não por acaso a força do culto mariano em Belém, cidade que
por muitos anos esteve entre as três cidades com maior índice de suicídio no
Brasil. Exato dizer, portanto, que Maria tutela esta cidade, entre tantas
outras.
Em verdade, Maria é o arrimo de muitos sofredores, é a
esperança a muitos desesperados, é a mãe de muitos órfãos do sistema, é o colo
dos infantes espirituais que de tropeço em tropeço caem e, no fundo do poço,
sentem o calor maternal a acalentá-los, o amor incondicional a reanimá-los.
Chico Xavier tributava pública veneração à Maria. Certa vez,
Chico estava triste. Perseguido, injustiçado, fatigado de tanto trabalhar pediu
a Emmanuel, seu guia, que interpelasse a mãe de Cristo. Queria ouvir algo, uma
mensagem de alento, uma palavra motivadora. Tempo depois Emmanuel reaparece e
Chico, ansioso, questiona: Que tal Emmanuel? Falou com ela? Emmanuel confirmou.
_ O que ela falou? _ Tudo passa Chico, tudo passa.
Afinal, quem não precisa desta mensagem consoladora?
Maria cumpriu à risca a missão extraordinária que Deus lhe
confiou: ser a mãe de Jesus e
nossa mãe espiritual. Jesus, o mais elevado espírito (puro)
que a Terra já recebeu, encarregado, pela evolução do nosso planeta, precisou
de um coração materno para recebê-lo como filho. Foi
justamente a Maria
que Deus confiou essa missão, pelas qualidades do elevado Espírito que
era,
sobretudo pela
humildade e o amor ao próximo.
Nos mundos menos evoluídos e mais materiais, como a Terra, a
transição positiva de idéias,
tradições e comportamentos
é lenta. Por isso, espíritos de alta hierarquia espiritual descem dos
cumes dimensionais mais evoluídos em missão sacrificial e de
amor. Vêm dar testemunho e
acelerar mudanças, lançando sementes que aguardarão o
momento propício para eclosão.
Dentre todos os espíritos que conjugaram esforços para o
êxito da missão de Jesus, Maria foi,
talvez, a mais importante. Espírito de luz, aceitou a missão
de aninhar em seu útero e lar de amor,
o espírito mais evoluído que este planeta já recebeu. A
missão, que exigia a descida de uma
dimensão superior, era arriscada. Mesmo diante de uma missão
divina, os espíritos evoluídos
ficam vulneráveis às
vicissitudes próprias da carne. Um desvio do plano, poderia inviabilizar a
redenção crística. No planejamento espiritual, cumpria
postar espíritos colaboradores próximos a
Jesus. Por isso, a providência divina também uniu Maria a
José, Isabel, João Batista. Jesus
encontrou na doçura, dedicação, bondade e altivez da mãe as
condições necessárias para
despertar, sem intervenções indevidas, todas as
incomensuráveis potências de seu espírito puro.
José e Maria, espíritos de grande evolução, desceram do
mesmo plano espiritual para cumprirem
a Missão de gerar e orientar o redentor do planeta. Em seu
lar havia respeito mútuo, amor e
harmonia. Maria, apesar dos afazeres domésticos, sempre
achava tempo e recursos para a prática
da caridade. Distribuía amor e com amor o pouco que possuía.
Uma visita, um gesto de carinho,
um prato de comida...
José, Maria e Jesus desceram de um mesmo plano espiritual e
até hoje ombreiam juntos em
trabalhos a favor deste e de outros planetas.
É justamente esta natureza dócil e amável de Maria, que a
habilitou a capitanear um trabalho
duro, áspero,
incansável no plano espiritual. Maria coordena a Legião dos Servos de Maria,
equipe de abnegados servidores espirituais que auxiliam os
suicidas.
Maria, nos planos siderais, continua a velar pelos aflitos e
sofredores deste mundo,
principalmente pelas mães. A essas mães, Maria jamais faltou
com o seu afeto, consolando-as
através de seus enviados que distribuem seu infinito amor,
em nome de Jesus e de Deus.
Maria é o arrimo de muitos sofredores, é a esperança a
muitos desesperados, é a mãe de muitos
órfãos do sistema, é o colo dos infantes espirituais que de
tropeço em tropeço caem e, no fundo
do poço, sentem o calor maternal a acalentá-los, o amor
incondicional a reanimá-los.
Ela crescera, tendo o espírito alimentado pelas profecias de
Israel.
Desde a meninice, quando acompanhava a mãe à fonte, para
apanhar o líquido precioso, ouvia os comentários. Entre as mulheres, sempre que
se falava a respeito, perguntavam-se umas às outras, qual seria o momento e
quem seria a felizarda, a mãe do aguardado Messias.
Nas noites povoadas de sonhos, era visitada por mensageiros
que lhe falavam de quefazeres que ela guardava na intimidade d'alma.
Então, naquela madrugada, quase manhã do princípio da
primavera, em Nazaré, uma voz a chamou: "Miriam". Seu nome egípcio-hebraico,
significa "querida de Deus".
Ela despertou. "Que estranha claridade era aquela em
seu quarto? Não provinha da porta. Não era o Sol, ainda envolto, àquela hora,
no manto da noite quieta. De quem era aquela silhueta? Que homem era aquele que
ousava adentrar seu quarto?"
"Sou Gabriel", identifica-se, "um dos
mensageiros de Yaveh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há
muito. Teu seio abrigará a glória de Israel. Conceberás e darás à luz um filho
e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo
e o seu reino não terá fim."
Maria escuta. As palavras lhe chegam, repassadas de ternura
e pela sua mente, transitam os dizeres proféticos.
Sente-se tão pequena para tão grande mister. Ser a mãe do
Senhor. Ela balbucia: "Eis aqui a escrava do Senhor. Cumpra-se em mim
segundo a tua palavra."
O mensageiro se vai e ela aguarda. Lucas lhe registraria,
anos mais tarde, o cântico de glória, denominado Magnificat:
"A minha alma glorifica o Senhor!
E o meu espírito exulta[de alegria]
Em Deus, meu Salvador!
Porque, volvendo o olhar à baixeza da terra,
Para a minha baixeza e humildade atentou.
E eis, pois, que, desde agora, e por todos os tempos,
Todas as gerações me chamarão
Bem-aventurada!
Porque me fez grandes coisas o Poderoso
E santo é o seu nome!
E a sua misericórdia [se estende]
De geração em geração,
Sobre os que o temem.
Com seu braço valoroso
Destruiu os soberbos
No pensamento de seus corações.
Depôs dos tronos os poderosos
E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos
E despediu vazios os ricos.
Cumpriu a palavra que deu a Abraão,
Recordando-se da promessa.
Da sua misericórdia!"
(Lucas, I, 46 a 55)
Ela gerou um corpo para o ser mais perfeito que a Terra já
recebeu. Seus seios se ofereceram úberes para alimentar-lHe os meses primeiros.
Banhou-O, agasalhou-O, segurou-O fortemente contra o peito mais de uma vez. E
mais de uma vez, deverá ter pensado:
"Filho meu, ouve meu coração batendo junto ao teu. Dia
chegará em que não te poderei furtar à sanha dos homens. Por ora, amado meu,
deixa-me guardar-te e proteger-te."
Ela lhe acompanhou o crescimento. Viu-O iniciar o seu
período de aprendizado com o pai, que lhe ensinou os versículos iniciais da
Torá, conforme as prescrições judaicas, embora guardasse a certeza de que o
menino já sabia de tudo aquilo.
Na sinagoga, O viu destacar-se entre os outros meninos, e
assombrar os Doutores. O seu Jesus, seu filho, seu Senhor. Angustiou-se mais de
uma vez, enquanto O contemplava a dormir. Que seria feito Dele?
No célebre episódio em Jerusalém, seu coração se inquietara
a cogitar se não seria aquele o momento do início das grandes dores.
A viuvez lhe chegou e ela viu o primogênito assumir os
negócios da carpintaria. Suas mãos, considerava, tinham habilidade especial e a
madeira se lhe submetia de uma forma toda particular.
Aquele era um filho diferente. Um olhar bastava para que se
entendessem. Tão diferente dos demais, que não tinham para com ela a mesma
ternura...
Chegou o dia em que Ele se foi e ela começou a ter Dele as
notícias. A escolha dos primeiros discípulos, o batismo pelo primo João, no
Jordão.
Mantinha contato constante, providenciando quem lhe fizesse
chegar a túnica tecida no lar, sem nenhum costura, sempre alva. Em cada fio, um
pouco do seu amor e da sua saudade.
Quando Ele a veio visitar e a acompanhou a Caná, às bodas da
sua parenta, ela sabia que Ele a obedeceria, providenciando o líquido para que
os convivas se pudessem deliciar, saindo da embriaguez em que haviam
mergulhado.
Acompanhou-lHe a trajetória de glórias humanas, e as
injustas alusões ao Seu messianato, aos Seus dizeres.
Em Nazaré, quando quase O mataram, tomou-se de temores.
Contudo, ela sabia que Ele viera para atender os negócios do Pai. Por vezes,
visitava a carpintaria, e parecia vê-lo, ainda uma vez, nos quadros da saudade.
Tanto quanto pôde, acompanhou o seu Jesus e recebeu-lhe o
carinho. Ele era tão grande, e, entretanto, atendia-lhe o coração materno, os
pedidos. Quantas vezes ela intercedera por um ou outro?
Quando os dias de sombra chegaram, Ela acompanhou, junto a
outras mulheres, as trágicas horas. Ao ver o corpo chagado do filho, o sangue
coagulado nas feridas abertas, a túnica tão alva, que ela tecera com tanto
desvelo, toda manchada, sentiu as lágrimas inundarem-lhe os olhos.
Porém, era necessário ser forte. Seu filho lecionara as
lições mais belas que jamais os ouvidos humanos haviam escutado. Ele cantara as
belezas do Reino dos Céus, no alaúde do lago de Genesaré, e prometera as
bem-aventuranças aos que abraçassem os inovadores ensinos.
Ao pé da cruz, junto ao Apóstolo João, ouviu a expressão do
carinho filial se externar, outra vez: "Mulher, eis aí teu filho". E
a confia ao jovem apóstolo.
Ela estaria presente, quando das Suas aparições, após a
morte. Vê-lO-ia mais de uma vez. E compreenderia: aquele corpo era diferente.
Não era o que fora gerado em seu ventre. Embora se deixasse tocar, para dar-se
a conhecer, era de substância muito diversa aquele corpo. Ela o sabia.
Viu-O desaparecer perante os olhos assombrados dos
quinhentos discípulos, na Galiléia, na Sua despedida.
E, amparada por João, seguiu a Éfeso, mais tarde. Ali, numa
casinha de onde podia ouvir o mar, balbuciando cantigas, viveu o Amor que Ele
ensinara. Tornou-se a mãe dos desvalidos e logo sua casa se enchia de estranhos
viandantes, necessitados e enfermos que desejavam receber os cuidados de suas
mãos e ouvir as delícias das recordações daquele que era o Caminho, a Verdade e
a Vida.
Numa tarde serena, ela atendeu um homem. Serviu-lhe o
alimento e seu coração extravasou saudade. Quanta a tinha do filho amado.
Então, o viajor se deu a conhecer:
"...minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai
quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos." 2
João, chamado às pressas, ainda lhe pôde assistir o
derradeiro suspiro e o espírito liberto adentrou a Espiritualidade.
Ainda e sempre amorosa, seu primeiro pensamento foi visitar
os cristãos que estavam em Roma, sofrendo o martírio e os foi animar a cantar,
enquanto conduzidos ao suplício, na arena circense.
Mais tarde, notícias nos chegariam de que a suave mãe de
Jesus, Maria, foi por Ele incumbida de assistir os foragidos da vida, os
infelizes suicidas; detalhes do Hospital Maria de Nazaré nas zonas espirituais;
do seu desvelo maternal para com tais criaturas.
Maria, espírito excelso, exemplo de mulher, esposa, mãe.
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