As previsões científicas para alterações ambientais são difíceis de serem inteiramente compreendidas por seres humanos comuns.
Ouvimos falar de aquecimento global e elevação dos níveis dos oceanos, aumento dos índices de câncer, explosão demográfica, devastação de recursos, e extinção de espécies.
Por toda parte, a atividade humana está acelerando a destruição de elementos-chave de ecossistemas naturais dos quais todos os seres viventes dependem.
Estes desenvolvimentos ameaçadores são individualmente drásticos e coletivamente surpreendentes. A população mundial triplicou apenas neste século e espera-se que ela dobre ou triplique no próximo século.
A economia global pode crescer um fator de cinco ou dez vezes, inclusive com índices extremos de consumo de energia, produção de gás carbônico, e desflorestamento.
É difícil imaginar todas estas coisas realmente acontecendo durante a nossa vida e as vidas de nossos filhos. Precisamos considerar este panorama de sofrimento e degradação ambiental global sem par na história humana.
No entanto, penso que há boas notícias e que agora definitivamente teremos de encontrar novas formas de sobrevivermos juntos neste planeta.
Já vimos neste século guerras, pobreza, poluição e sofrimentos suficientes.
Segundo os ensinamentos budistas, tais coisas acontecem como resultado da ignorância e de atos egoístas, porque freqüentemente deixamos de ver a relação comum essencial entre todos os seres.
A terra está nos enviando avisos e indicações claras dos vastos efeitos e potencial negativo do comportamento humano mal direcionado.
Para neutralizar estas práticas prejudiciais podemos aprender a ser mais conscientes de nossa dependência mútua.
Todo ser senciente quer a felicidade em vez de dor. Então, compartilhamos o mesmo sentimento básico.
Podemos desenvolver a ação correta para ajudar a terra e uns aos outros baseados em uma motivação melhor.
Portanto, sempre falo da importância de desenvolver um senso genuíno de responsabilidade universal. Quando somos motivados por sabedoria e compaixão, os resultados de nossas ações beneficiam a todos e não a nós mesmos ou a alguma conveniência imediata.
Quando conseguirmos reconhecer e perdoar atos ignorantes do passado, ganhamos força para solucionar os problemas do presente de forma construtiva.
Devemos estender esta atitude para sermos preocupados com todo o nosso meio ambiente.
Como princípio básico, penso que é melhor ajudar se puder, e se não puder, pelo menos tentar não prejudicar.
Esta é uma orientação especialmente adequada quando houver ainda muito a compreender sobre as inter-relações complexas dos diversos e únicos ecossistemas.
Precisamos saber cuidar, nós mesmos, de toda a Terra e da vida sobre ela, e também de todas as gerações futuras.
Isto significa que a educação do meio ambiente é de grande importância para todos.
O aprendizado científico e o progresso tecnológico são essenciais para melhorar a qualidade de vida no mundo moderno.
Ainda mais importante é a prática simples de conhecer e melhor apreciar os nossos arredores naturais, e a nós mesmos, quer sejamos crianças ou adultos.
Se tivermos um apreço verdadeiro pelos outros e resistirmos agir movido por ignorância, estaremos cuidando da Terra.
No sentido maior, educação ambiental significa aprender a manter um modo de vida equilibrado.
Todas as religiões concordam que não podemos encontrar satisfação interna duradoura baseada em desejos egoístas e aquisição do conforto de coisas materiais.
Mesmo se pudéssemos, agora há tanta gente que a terra não nos sustentaria por muito tempo.
Penso que é muito melhor praticar apreciar uma simples paz de espírito.
Podemos compartilhar a terra e juntos cuidarmos dela, em vez de tentarmos possuí-la e, no processo, destruir a beleza da vida.
As culturas antigas que se adaptaram aos seus meio ambientes naturais podem oferecer uma visão especial sobre a estruturação de sociedades humanas para que existam em equilíbrio com o meio ambiente.
Por exemplo, os tibetanos estão singularmente familiarizados com a vida no Planalto do Himalaia.
Isto evoluiu para uma longa história de uma civilização que cuidou de não sobrecarregar e destruir o seu frágil ecossistema.
Os tibetanos há muito apreciam a presença de animais selvagens como símbolos da liberdade.
Uma profunda reverência pela natureza está aparente em grande parte das artes e cerimônias tibetanas.
O desenvolvimento espiritual prosperou apesar do limitado progresso material.
Assim como as espécies podem não se adaptar a alterações ambientais relativamente repentinas, as culturas humanas também precisam ser tratadas com cuidado especial para garantir a sobrevivência. Portanto, aprender o modo de vida dos povos e preservar suas heranças culturais é também uma parte do aprendizado de cuidar do meio ambiente.
Eu sempre tento expressar o valor de ter um bom coração.
Este simples aspecto da natureza humana pode ser alimentado e alcançar uma grande força.
Com um bom coração e sabedoria, você tem a motivação correta e automaticamente fará o que for preciso.
Se as pessoas começarem a agir com uma autêntica compaixão por todos, ainda podemos proteger uns aos outros e o meio ambiente natural. Isto é muito mais fácil do que ter que adaptar às condições ambientais severas e incompreensíveis que são projetadas para o futuro.
Agora, olhando de perto, a mente humana, o coração humano, e o meio ambiente estão inseparavelmente interligados.
*Dalai Lama
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