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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

FANATISMO RELIGIOSO MATA MAIS QUE GUERRA POLÍTICA



Quero relatar a minha última passagem pela Terra e vou usar a plena verdade para isso. 
Pertenci a um agrupamento de fanáticos religiosos, que localizava as suas atividades em paragens bem além de vosso país. 
Ainda hoje, recordo em cores muito vivas as atrocidades cometidas em nome de Deus. 
Vivíamos com a única intenção e objetivo de propagar nossas verdades pessoais para o mundo, considerado por nós como pagão.
Quem não comungava de nossas interpretações das escrituras sagradas, não era considerado tão filho de Deus como nós, sendo muitas das vezes tachado como inimigo.
Além dos ensinamentos de nossa doutrina, estudávamos outras religiões, buscando comprovação da superioridade das idéias que regiam a nossa seita.
Um ponto central era o da Justiça Divina. Éramos rígidos defensores do “olho por olho, dente por dente”.
 Embora a Bíblia não fosse o nosso livro sagrado, algumas passagens deste antigo texto eram bem aceitas por nosso grupo.
Aqueles que combatiam ostensivamente os nossos preceitos eram, sem a menor dúvida ou questionamento, contrários a Deus. 
Deveriam, por isso, serem convertidos à força, ou simplesmente eliminados caso rejeitassem a conversão.
Após muitos anos de luta contra outras formas de pensamento, a nossa seita adquiriu muitos adeptos. Com o crescimento, passou a fustigar novas regiões à busca de expansão.
Porém, encontramos outra seita cuja doutrina apresentava algumas diferenças com relação a nossa. Os integrantes deste outro grupo detinham o mesmo fanatismo que nós e o choque foi inevitável. 
Com os mesmos aspectos de brutalidade com que executávamos nossos adversários, nós fomos destruídos.
Nós vagamos por muito tempo no mundo, sem a roupagem física, revoltados com o nosso destino. Encontramos amparo longe de nossa terra natal, numa organização do plano espiritual situada sobre a vossa nação.
Recebemos esclarecimentos acerca da necessidade de perdoar, evitando o julgamento dos semelhantes conforme a severa lei de Talião.
Muitos de nós rejeitaram de pronto a sugestão recebida, pois não se desejava abrir mão da vingança, como forma de justiça permitida por Deus.
 Eu fui um dos que cedeu neste ponto de vista e hoje tenho a tarefa de resgatar meus antigos companheiros, que permanecem vagando pela Terra, agora tentando inspirar homens encarnados para que aceitem estes ideais menos nobres.
Trabalho incessantemente para apagar da minha consciência os erros do passado. 
Tenho ainda muito que caminhar na senda da evolução.
Aprendi dolorosamente que alcançar a Deus não é possível através do ódio e rancor ao próximo. 
Isto não é servir a Deus. O extremismo e a intolerância religiosos, ou de qualquer outra espécie, são contra a Lei de Amor, que é a base de tudo. 
Se não podemos ainda amar o semelhante, creio que devemos pelo menos respeitá-lo, para que este respeito possa crescer e um dia transformar-se no amor pregado por todas as religiões verdadeiras do planeta.
*Um amigo espiritual.

                                                                           

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