Crise é a palavra do momento, no mercado mundial.
Na verdade, nem a palavra, nem a situação são novas.
Todas as células sociais já viveram fases de crise, em épocas diferentes e em razão das mais variadas causas. E, como tudo na vida, todas elas passaram como essa também haverá de passar.
Há muitos interesses e riscos em jogo e há muita gente empenhada em não sair perdendo.
Essa introdução serve apenas para tocar no ponto principal deste artigo, que não é sobre crise, mas sobre Felicidade. O tamanho de qualquer crise é decisivamente influenciado pelas forças ou fraquezas interiores de cada pessoa.
Ou seja: não é a ausência de crise que garante a felicidade de alguém. Se assim o fosse, pessoas ricas, famosas e poderosas – portanto, potencialmente imunes às crises - não seriam tão infelizes quanto se tem conhecimento através da mídia. Certamente na maioria dessas pessoas, a crise é da alma e não da conta bancária. Você trocaria sua felicidade pelo primeiro prêmio da Mega Sena? Pronto, então você me entendeu.
Outro dia, um amigo contava que certa noite faltou energia elétrica no bairro onde mora. Uma “crise” – guardada as devidas proporções – pois ninguém da família queria abrir mão da TV, do computador, da geladeira, da leitura e outras coisas que dependem da energia elétrica. Foi então que alguém teve a feliz ideia de se reunirem na sala, às escuras, para contarem “causos”, piadas e até cantarem – pais, filhos, irmãos e netos. Meu amigo jura que foi uma das melhores noites que a família passou junto. Sentiram-se realmente uma família, como há muito tempo não acontecia. Isso foi possível, apesar da “crise” da escuridão, porque a alma deles estava iluminada.
É preciso que a alma esteja em paz para que a pessoa possa vencer ou administrar uma crise, seja ela de que natureza for. Isso significa uma alma sem culpas, sem medos e sem rancores – e, ao mesmo tempo, com paciência, serenidade, compreensão e fé. Só assim a pessoa conseguirá produzir a energia de que necessita para encontrar saídas e soluções – e ser feliz. Almas perturbadas não são boas inspiradoras, muito menos boas conselheiras.
A crise que assola o mundo é séria e preocupante, principalmente porque muitos empregos estão em jogo. Por isso mesmo, merece uma postura serena e comedida dos gestores e governantes.
É nesses momentos difíceis que a verdadeira liderança é posta à prova. Navegar em águas tranquilas, qualquer marinheiro principiante tira de letra. A competência do marujo se percebe mesmo é nas grandes tempestades.
A crise não precisa necessariamente conduzir ao pânico, há um universo de maneiras diferentes e positivas de encará-la. A questão é que sem paz na alma nenhuma boa ideia vem à tona e, assim, não há disposição nem inspiração para a luta.
Tenho para mim que quando a causa do problema gira em torno da ciranda dos números, a solução é mais fácil de ser encontrada do que quando o que está em jogo é a crise da alma. Nesses casos a solução é mais complicada, porque depende de algo subjetivo, invisível, impalpável e que muitos teimam em desconhecer e em não sentir.
A crise da alma, quando não cria, ela própria, outras crises, impede a pessoa de gerar alternativas generosas para si e para os outros, impedindo-a, assim, de reencontrar o equilíbrio, o potencial criativo e o caminho do crescimento.
Ou seja: o princípio ativo do antídoto que minimiza ou soluciona a maioria das crises e nos aproxima da Felicidade, está mais ao alcance das pessoas do que elas mesmas podem imaginar.
*Floriano Serra psicólogo, escritor e palestrante.
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