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sábado, 23 de julho de 2016

ALZHEIMER ESPIRITUAL


                                                                    
O papa Francisco tem se notabilizado pela coragem e firmeza em seus pronunciamentos. 


A ele tem cabido, como líder de uma das maiores instituições religiosas do planeta, a dura missão de corrigir o rumo do Catolicismo diante dos desmandos e desvirtuamentos perpetrados pelos seus prelados ao longo das últimas décadas e do distanciamento dos ensinamentos de Jesus Cristo.

O seu pontificado tem sido notável por apontar com clareza meridiana as fraturas morais praticadas pela sua instituição num autêntico processo catártico. Recentemente, o Papa Francisco apresentou, num encontro religioso comemorativo do Natal, todos os males que, a seu ver, estavam contaminando a religião Católica.

Não pretendemos nos deter nos pormenores da sua alocução, pois cada religião tem os seus problemas e deficiências, mas nos ater a um aspecto que, em nosso entendimento, tem alcance ainda maior do que o por ele proposto. Ou seja, trata-se do “Alzheimer espiritual” como ele próprio denominou. Explicando melhor, o Papa referiu-se a essa metáfora como resultado do esquecimento por parte dos sofredores dos seus respectivos encontros com Deus. Em nossa visão, a metáfora aí empregada comporta outros raciocínios e conjecturas que, de certa maneira, envolvem toda a humanidade.

Não há como negar que temos sido um tanto descuidados, para usar um eufemismo, com o elevado conteúdo proveniente da mensagem do Cristo de Deus. Se considerarmos que a encarnação em si já é uma dádiva extraordinária concedida pelo mais alto, então a maioria de nós está em débito. 

Apenas por essa razão, afinal, já deveríamos agradecer todos os dias de nossa vida.

Por outro lado, o nosso Alzheimer espiritual não nos permite enxergar que tudo que vem do Cristo é simples e objetivo. No seu evangelho encontramos, a propósito, os salutares remédios para todos os males da humanidade. Mas mesmo assim continuamos em nossa sanha autodestrutiva e inconsequente. Simplesmente, não conseguimos ainda nos amoldar aos seus ensinamentos e recomendações.

Uma das mais expressivas demonstrações do nosso Alzheimer espiritual decorre do fato de que, no geral, vivemos manietados a uma vida consumista onde o ter é um imperativo. Em consequência, pouco ou nada desenvolvemos no que concerne ao ser. Em razão dessa dificuldade de interpretação, acorremos aos consultórios de psicólogos, terapeutas, orientadores e quejandos, buscando soluções para toda a sorte de problemas existenciais quando a cura está, muitas vezes, em nós mesmos. 

Ou seja, em criarmos vontade e disposição de nos autoconhecermos como, de fato, somos. Com efeito, quem costuma olhar para o interior da sua alma sabe perfeitamente o que precisa melhorar.

O nosso Alzheimer espiritual nos impede de aceitar a realidade de que os sofrimentos, as adversidades e os contratempos são elementos normais do caminho redentor, não a ira de Deus sobre nós. O nosso Alzheimer espiritual nos leva a desejar aquilo que já contribuiu para a nossa queda em outros tempos. A pura e humilde aceitação da pobreza como condição reabilitadora, por exemplo, poderia contribuir para a recuperação espiritual de muitos que invadem as propriedades privadas no século presente tentando obter à força o que não lhes pertence.

O Alzheimer espiritual pode nos levar a uma situação provisória de sustentação do poder e, por extensão, ao perigo de sucumbirmos ao seu fascínio. Nesse sentido, não chega a ser surpreendente observarmos empresários e executivos de grandes organizações presos por atos de corrupção, assim como certos políticos que assumiram a responsabilidade de defender os interesses dos eleitores que os elegeram.

 O Alzheimer espiritual afeta todos aqueles que comercializam dons mediúnicos que gratuitamente receberam - como vemos muitos hoje em dia -, os quais deverão prestar contas dos seus atos mais dia menos dia à espiritualidade. O Alzheimer espiritual também abarca aqueles que assumiram o compromisso/missão de realizar tarefas em benefício da humanidade, mas que ao longo da caminhada terrena se perderam.

O Alzheimer espiritual afeta igualmente os que negligenciam o desenvolvimento de sua própria espiritualidade, isto é, aqueles que arrumam tempo para tudo, exceto para a meditação, a oração, a leitura edificante, ou para o encontro com o Deus interior. Como bem pondera o Espírito Joanna de Ângelis, “... a existência física é uma experiência de iluminação e não uma pousada para o prazer infinito”.

O Alzheimer espiritual domina aqueles que se enxergam como o centro do mundo e que desrespeitam e maltratam os seus semelhantes.

O Alzheimer espiritual atinge os que ainda são incapazes de sequer cogitar se há vida após a morte ou que tem medo de encará-la. O Alzheimer espiritual acomete os que vivem uma existência rala de valores universais, sem propósitos superiores e práticas voltadas ao bem.

Em suma, o Alzheimer espiritual perpassa basicamente aquela porção da humanidade que ainda não entendeu o significado da vida e que não percebeu que Jesus é o caminho e a verdade a ser assimilada.


       *Anselmo Ferreira Vasconcelos.




quinta-feira, 21 de julho de 2016

CONVERSAS FAMILIARES DE ALÉM TÚMULO

       


Segundo o Courrier des États-Unis, vários jornais relataram o fato que a seguir apresentamos, e que nos pareceu fornecer matéria para um estudo interessante:
     “Diz o Courrier des États-Unis que uma família alemã de Baltimore acaba de emocionar-se vivamente com um caso singular de morte aparente. A Sra. Schwabenhaus, há longo tempo enferma, parecia ter exalado o derradeiro suspiro na noite de segunda para terça-feira. 
As pessoas que dela cuidavam puderam observar todos os sintomas da morte: o corpo estava gelado e seus membros tornaram-se rígidos. 
Após ter prestado ao cadáver os últimos deveres, e quando tudo na câmara mortuária estava pronto para o enterro, os assistentes foram repousar. Esgotado de fadiga, o Sr. Schwabenhaus em breve os acompanhou. Estava mergulhado num sono agitado quando, cerca de seis horas da manhã, a voz da esposa feriu-lhe o ouvido. A princípio julgou-se vítima de um sonho; mas o seu nome, repetido várias vezes, não mais lhe deixou qualquer dúvida, precipitando-se de imediato para o quarto da esposa. 
Aquela que era tida por morta estava sentada na cama, parecendo fruir de todas as faculdades e mais forte do que nunca, desde o início da doença.
    “A Sra. Schwabenhaus pediu água e depois desejou tomar chá e vinho. Rogou ao marido que fizesse adormecer a criança que chorava num quarto vizinho. Mas ele estava muito emocionado para isso e correu a despertar as demais pessoas de casa. Sorridente, a doente acolheu os amigos e domésticos que, trêmulos, aproximaram-se de seu leito. Não parecia surpreendida com o aparato funerário que lhe feria o olhar. “Sei que me acreditáveis morta, disse; entretanto, estava apenas adormecida. 
Durante esse tempo minha alma transportou-se para as regiões celestes; um anjo veio buscar-me e em poucos instantes transpusemos o espaço. O anjo que me conduzia era a filhinha que perdemos o ano passado... Oh! Em breve irei reunir-me a ela... Agora, que experimentei as alegrias do Céu, não mais queria viver na Terra. 
Pedi ao anjo para, uma vez mais, vir abraçar meu marido e meus filhos; mas logo retornará para buscar-me.
    “Às oito horas, após se haver despedido com ternura do marido, dos filhos e de uma multidão de pessoas que a rodeavam, dessa vez a Sra. Schwabenhaus expirou realmente, conforme foi constatado pelos médicos, de forma a não deixar subsistir nenhuma dúvida a esse respeito. “Esta cena impressionou profundamente os habitantes de Baltimore.”
    Havendo sido evocado no dia 27 de abril passado, numa sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o Espírito da Sra. Schwabenhaus manteve a seguinte conversa:

1. Com vistas à nossa instrução, desejaríamos fazer algumas perguntas relacionadas com a vossa morte; consentiríeis em responder-lhas? Resp. – Como não, logo agora que começo a vislumbrar as verdades eternas, e sabedora da necessidade que igualmente sentis de também as conhecer?
2. Lembrais da circunstância particular que precedeu vossa morte?
Resp. – Sim; foi o momento mais feliz da minha existência na Terra.
3. Durante vossa morte aparente, ouvíeis o que se passava à volta e percebíeis os preparativos do funeral?
Resp. – Minha alma estava muita preocupada com a felicidade que se avizinhava.
Observação – Sabe-se, em geral, que os letárgicos vêem e ouvem o que se passa à volta deles, conservando a lembrança ao despertar. O fato a que nos referimos oferece a particularidade de ser o sono letárgico acompanhado de êxtase, circunstância que explica por que foi desviada a atenção da paciente.
4. Tínheis a consciência de não estar morta?
Resp. – Sim; mas isso me era ainda mais penoso.
5. Poderíeis dizer a diferença que fazeis entre o sono natural e o letárgico?
Resp. – O sono natural é o repouso do corpo; o letárgico, a exaltação da alma.
6. Sofríeis durante a letargia?
Resp. – Não.
7. Como se operou vosso retorno à vida?
Resp. – Deus permitiu-me voltar para consolar os corações aflitos que me rodeavam.
8. Desejaríamos uma explicação mais material.
Resp. – O que chamais de perispírito ainda animava o meu invólucro terrestre.
9. Como foi possível não vos terdes surpreendido à vista dos preparativos que faziam para o enterro?
Resp. – Eu sabia que devia morrer; tudo aquilo pouco me importava, desde que havia entrevisto a felicidade dos eleitos.
10. Recobrando a consciência, ficastes satisfeita de retornar à vida?
Resp. – Sim, para consolar.
11. Onde estivestes durante o sono letárgico?
Resp. – Não posso descrever toda a felicidade que experimentava: a linguagem humana é incapaz de exprimir essas coisas.
12. Ainda vos sentíeis na Terra ou no espaço?
Resp. – Nos espaços.
13. Dissestes, quando voltastes a vós, que a filhinha que havíeis perdido no ano anterior vos tinha vindo buscar. É verdade?
Resp. – Sim; é um Espírito puro.
Observação – Nas respostas dessa mãe, tudo anuncia tratar-se de um Espírito elevado; nada há, pois, de espantoso que um Espírito mais elevado ainda se tivesse unido ao seu por simpatia. Entretanto, não devemos tomar ao pé da letra a qualificação de Espírito puro, que por vezes os Espíritos se dão entre si. Por essa expressão devemos entender os Espíritos de uma ordem mais elevada que, achando-se completamente desmaterializados e purificados, não mais estão sujeitos à reencarnação: são os anjos que desfrutam a vida eterna. Ora, aqueles que não atingiram um grau suficiente não compreendem ainda esse estado supremo; podem, pois, empregar o termo Espírito puro para designar uma superioridade relativa, mas não absoluta. Disso temos numerosos exemplos, querendo parecer-nos que a Sra. Schwabenhaus encontrasse neste caso. 
Algumas vezes os Espíritos zombeteiros também se atribuem a qualidade de Espíritos puros, a fim de inspirarem mais confiança àqueles a quem desejam enganar, e que não têm suficiente perspicácia para os julgarem por sua linguagem, pela qual sempre se traem em razão de sua inferioridade.
14. Que idade tinha essa criança quando morreu?
Resp. – Sete anos.
15. Como a reconhecestes?
Resp. – Os Espíritos superiores se reconhecem mais depressa.
16. Vós a reconhecestes sob uma forma qualquer?
Resp. – Somente a vi como Espírito.
17. O que ela vos dizia?
Resp. – “Vem; segue-me em direção ao Eterno.”
18. Vistes outros Espíritos, além do de vossa filha?
Resp. – Vi uma porção de outros Espíritos, mas a voz de minha filha e a felicidade que pressentia eram minhas únicas preocupações.
19. Por ocasião de vosso retorno à vida, dissestes que em breve iríeis reencontrar a filha; tínheis, pois, consciência de vossa morte próxima?
Resp. – Para mim era uma esperança feliz.
20. Como o sabíeis?
Resp. – Quem não sabe que é preciso morrer? Minha doença mo dizia bem.
21. Qual era a causa de vossa enfermidade?
Resp. – Os desgostos.
22. Que idade tínheis?
Resp. – Quarenta e oito anos.
23. Deixando a vida definitivamente, tivestes de imediato consciência clara e lúcida da nova situação?
Resp. – Tive-a no momento da letargia.
24. Experimentastes a perturbação que acompanha ordinariamente o retorno à vida espírita?
Resp. – Não; estava deslumbrada, mas não perturbada.
Observação – Sabe-se que a perturbação que se segue à morte é tanto menor e menos duradoura quanto mais se depurou o Espírito durante a vida. O êxtase que precedeu a morte dessa mulher era, aliás, um primeiro desprendimento da alma de seus laços terrenos.
25. Desde que estais morta já revistes vossa filha?
Resp. – Freqüentemente estou com ela.
26. A ela estais reunida por toda a eternidade?
Resp. – Não. Sei, porém, que depois de minhas últimas encarnações estarei no paraíso, onde habitam os Espíritos puros.
27. Então vossas provas não terminaram?
Resp. – Não, mas, doravante, serão mais felizes. Não me deixam senão esperar e a esperança já é quase a felicidade.
28. Vossa filha tinha vivido em outros corpos antes daquele pelo qual foi vossa filha?
Resp. – Sim; em muitos outros.
29. Sob que forma vos encontrais entre nós?
Resp. – Sob minha derradeira forma de mulher.
30. Percebei-nos tão distintamente como o faríeis quando viva?
Resp. – Sim.
31. Desde que estais aqui sob a forma que tínheis na Terra, é pelos olhos que nos vedes?
Resp. – Claro que não, o Espírito não tem olhos.
Encontro-me sob minha última forma tão-somente para satisfazer às leis que regem os Espíritos, quando evocados e obrigados a retomar aquilo a que chamais perispírito.
32. Podeis ler os nossos pensamentos?
Resp. – Sim, posso; lerei caso eles sejam bons.
Agradecemos as explicações que houvestes por bem nos dar; pela sabedoria das vossas respostas reconhecemos que sois um
Espírito elevado e esperamos que possais fruir a felicidade que mereceis.
Resp. – Sinto-me feliz em contribuir para vossa obra;
morrer é uma alegria, quando podemos auxiliar o progresso, como o faço agora.

*Revista Espírita. Setembro de 1858. Allan Kardec.




terça-feira, 12 de julho de 2016

E O BRASIL É MESMO A PÁTRIA DO EVANGELHO?





Um dia desses fui a uma casa espírita assistir à reunião pública. Um homem de modos elegantes e postura professoral assumiu a tribuna e iniciou seu discurso com a pergunta título deste artigo. Acomodei-me melhor e agucei os ouvidos e os sentidos para ouvir o que tinha a nos dizer. 
Ao meu lado muitos irmãos e irmãs. Acredito que grande parte deles e delas ali estavam de passagem, tentando um contato “promissor” com a doutrina espírita, como quem busca aqui e acolá um nicho, um enredo, um lugar para ficar. Já sou antigo no Espiritismo. Já nasci cultuando os fundamentos dessa doutrina iluminada por mentes conscientes que a postularam. Ao meu lado, contudo, estava um senhor de tez morena e olhar circunspecto. Parecia vir de longe, das estradas empoeiradas da vida e, de repente, uma porta se abriu: a porta de um centro espírita!

 O homem da tribuna iniciou seu discurso em tom de sábio. Falaria sobre o Brasil. 

“Brasil... Ah! Brasil...” Foi assim que deu as primeiras notas da sua melodia composta por acordes de uma nota só. E derramou sobre nós uma série de incongruências e até chamou Humberto de Campos e Chico Xavier de visionários e distantes da realidade nacional. “O Brasil é um pobre peregrino dentre nações gigantescas e ricas!” – disse o anunciador de tristezas, apagador de lampiões. 
Ah! que vontade de sair dali e entrar em uma biblioteca e ler Humberto de Campos através do nosso querido Chico Xavier. Quem de nós está em condições de avaliar tais obras?

 O homem ao meu lado mexeu-se de um lado para o outro e sussurrou-me: “Mas eu amo minha pátria. Ela é rica em reservas!” E foi aí que me fiz porta-voz do livro Brasil Coração do Mundo e Pátria do Evangelho e lhe disse: “As reservas brasileiras não se circunscrevem ao mundo de aço do progresso material, mas se estendem infinitamente ao mundo do ouro dos corações, onde o país escreverá a sua epopeia de realizações morais, em favor do mundo”. O homem me olhou e eu concluí: “Escreverá do verbo: vai escrever e para tal se prepara. O Brasil é menino de quinhentos e poucos anos e querem que ele seja adulto, senhor das suas ações, enquanto ainda se prepara para ela”.

 Um dia, ouvindo outro orador, apóstolo deste país, anotei sua fala: “Analisemos: trezentos e vinte e dois anos de colônia, sessenta e sete de monarquia e cento e vinte e sete de república com ditaduras e impeachment. Foi e está sendo um caminho árduo. Sabendo-se ainda que o período colonial foi o de intensa exploração das nossas jazidas. E ainda querem uma nação amadurecida? 

Ora, viajemos pelo país e encontraremos progressos sobre progressos, realizados de formas muitas vezes hercúleas e à custa de suor e lágrimas. As cátedras nem sempre oferecem o comboio que sai para ver e sentir o lado de fora das teorias basais”. E aquele orador do momento, sem dúvida, era um teórico. 

 O homem ao lado me cutucou e pediu: “Fale mais”. Então continuei, repetindo Humberto de Campos: “Qual o lugar da Terra que não é santo? Em todas as partes do mundo por mais recônditas que sejam, pairam as bênçãos de Deus, convertida na luz e no pão de todas as criaturas”. – O que me diz, senhor? – perguntou-me meu companheiro de jornada. Apenas repeti palavras de Jesus quando esteve no plano físico por volta de 1375 e buscava nicho para o Seu Evangelho – falei-lhe. Fechei meus olhos e relembrei o texto do livro que fala sobre o Brasil e psicografado por Humberto de Campos: – “Helil – perguntou Jesus –, onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário, do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana?” – “Este lugar de doces encantos, Mestre, de onde se veem, no mundo, as homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o Sul.

” E eles estavam no continente Americano.

 Agora chegamos ao ponto-chave e que infelizmente aquele pregador se omitiu em sua eloquente conversa. Vejam a descrição de Humberto de Campos: “Mãos erguidas para o alto, como se invocasse a bênção do seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus: – Para essa terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os Povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial”. Noutro dia, num grupo de estudos, lemos em conjunto esta citação. As lágrimas de todos nós se fizeram abundantes. – É o Mestre dizendo! – falou uma senhora presente. – Sim, foi Jesus quem disse e o que os homens estão dizendo no hoje, principalmente certos espíritas distanciados da Gerência Divina de Jesus? Que o Brasil vai perder esta distinção por causa dos seus habitantes. 

Mas quem determina reencarnações é o mundo espiritual. Ninguém renasceu aqui vindo numa nave espacial ou de paraquedas. Foram reencarnações planejadas para que aqui aportassem e realizassem o bem em si, ajudando a pátria. Mas ela não depende apenas dos homens. Há um projeto divino, há uma programação.

 – “Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas inspirações do Nosso Pai.” É, o grande pregador se esqueceu de dizer que temos um mentor espiritual que recebeu de Jesus a determinação acima e ainda a bandeira branca com as insígnias: Deus, Cristo e Caridade. Caridade esta que não fazemos com a pátria quando a julgamos incapaz de produzir bons elementos que a conduzam. E há os que dela se ausentam sob o pretexto de buscar maiores ganhos e benefícios externos. Mas, em qual lugar do mundo de hoje há que não esteja vivendo a grande deflagração motivada pela mudança do ciclo planetário?

 O indivíduo brasileiro foi forjado pela interação de europeus, africanos e ameríndios. Foram as interações singulares e multifacetadas entre esses indivíduos que guiaram nossa história e deram à nossa população seu caráter heterogêneo e diversificado – dizem nossos sociólogos. E lá vem o poeta anônimo e diz: “Esta gente, cujo rosto às vezes luminoso e outras vezes tosco, ora me lembra escravos ora me lembra reis”. Estamos fazendo coro com a poesia? Ou somos martelos e bigornas a macerar enquanto deveríamos forjar? De mim digo que o indivíduo brasileiro é aquele que pisa num solo fértil, que olha para um céu que tem o Cruzeiro do Sul, que olha para trás e vê que sua história começou há pouco mais de 500 anos, que inda não se constituiu como um ser político, capaz de exercer com propriedade seu direito na escolha de processos administrativos ideais. É um indivíduo quase sempre passional, herdeiro de uma cultura colonialista que lhe forjou caracteres de submissão e que agora tenta se libertar, mas, ainda sem um roteiro seguro. 

É em síntese um indivíduo pronto a se constituir como elemento principal no contexto social, entendendo que, através dele, tudo se modifica para o bem ou para o mal. 
Inicia assim seu processo de libertação dentro de uma pátria que ainda não sente que é sua.

  *Guaraci de Lima Silveira.


                                                       


                                                                          

sábado, 9 de julho de 2016

BORBOLETE-SE




“Rudolf Steiner, pai da Antroposofia, disse que: as borboletas são flores que se desprenderam da terra…
E que as flores são borboletas que a terra apreendeu…
Seja como for, se as flores marcam a primavera, as borboletas são seu símbolo maior.
São quatro fases da mesma vida: ovo, lagarta, crisálida e borboleta.
Enquanto ovo, é princípio vivo, puro.
Representa a potencialidade do ser, guardada dentro de um invólucro de heranças parentais.
É fundamental para desenvolver a solidez das bases estruturais do indivíduo.
Mas num determinado momento, torna-se necessário romper com essa capa de proteção, para caminhar sobre as próprias pernas.
A lagarta tem o aprendizado da terra, do rastejar, das coisas que se processam lentamente.
Simboliza os cuidados com o mundo físico, com os aspectos materiais que compõem a existência cotidiana.
Pode ser o lado pesado da vida.
A crisálida é o encapsular para gestar.
É como se retornasse ao estágio do ovo, mas só que por escolha pessoal.
É criar um casulo para si mesmo, como forma de conectar-se com seus sentimentos, sua interioridade e seus próprios desejos.
E, finalmente, as asas libertam a borboleta!  Mas, para se chegar à borboleta, é preciso superar o conforto e a comodidade do “já conhecido”…
É preciso deixar morrer o velho e partir ao encontro das possibilidades em aberto, sem certezas, sem garantias.
A borboleta é a lição viva de que tudo é passageiro.
Assim também somos nós…
Uns vivem para sempre no ovo…
Outros jamais passam de lagarta…
E tem gente que vive gestando um sonho, um ideal, mas sem nada realizar…
Ainda existem aqueles que, com esforço, se libertam, ganham asas e voam leves!  Pousam aqui e ali, no colorido das flores, e só de existir fazem a vida mais bela!
Identifique em que fase você está e observe como fazer para processar a sua metamorfose.
Viver é cumprir fase por fase.
Desapegar-se do antigo e entregar-se ao novo até ser capaz de voar.
Desperte e tente uma nova forma! Deixe acontecer em você esse misterioso processo de se abrir para florescer! Deixe aparecer suas asas, suas melhores cores, seu voo!
*Desconheço o autor.