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segunda-feira, 15 de julho de 2013

DIÁLOGO





Marido e esposa tomavam, num restaurante, suas respectivas bebidas.

Ele, algo alcoólico; ela, suco de laranja natural.

Permaneciam em silêncio.

Poderia ser aquela quietude tranquila, sem constrangimento, nascida da intimidade, mera pausa na conversação.

Mais provável fosse o silêncio do casal que perdeu o gosto pela conversa, sinal evidente de relacionamento em crise.

Em dado momento ele a surpreendeu, dizendo, carinhoso:

- Eu te amo!

Ela o contemplou, atônita, surpreendida.

Há séculos o marido não lhe falava assim!

Seria efeito do álcool?

Exprimiu sua dúvida, perguntando:

- É você quem está falando ou o álcool?

E ele:

- Estou falando com a bebida.



Bem, leitor amigo, não sei se ela agrediu o marido atrevido ou simplesmente procurou o advogado para pedir divórcio, mas esse episódio nos remete a algumas ponderações sobre a vida conjugal.

Aprendemos com o Espiritismo que, geralmente, os casamentos são planejados na Espiritualidade, pelos próprios cônjuges ou seus mentores.

Os objetivos são variados, mas basicamente atendem à necessidade de desfazer aversões ou consolidar afeições, decorrentes de relacionamentos passados, num empenho de harmonização.

As estatísticas demonstram que em boa parte das uniões conjugais esses objetivos não são alcançados.

Na atualidade, sobe sempre o número de divórcios porque a afeição acabou ou recrudesceu a aversão.

Considere-se que isso costuma acontecer mesmo entre os casais que permanecem juntos, dispostos a se suportarem por amor aos filhos ou respeito à religião.



Diz o espírita:

- Já que é meu compromisso cármico, carregarei essa cruz até o fim de nossos dias. 

Depois, na vida espiritual, será cada um por si! Praza aos céus não nos vejamos nunca mais! 
Quero esquecer que um dia estivemos juntos.

Quem age assim, meu caro leitor, provavelmente reencontrará o cônjuge em futura reencarnação.

Viverão nova experiência em comum, já que não foi cumprido o objetivo fundamental do matrimônio, que é a harmonização das almas, ensejando convivência pacífica.



Em favor desse objetivo há algo indispensável: o cultivo do diálogo, a disposição de conversar, trocar ideias, exercitar os miolos, abrir o coração...

Um homem culto e inteligente apaixonou-se por linda jovem. 

Sentindo que era correspondido, pretendeu pedi-la em casamento, mas não usou a fórmula tradicional:

- Você me daria a honra de casar-se comigo?

Disse-lhe, simplesmente:

- Você gostaria de passar os próximos 40 anos conversando comigo?

Eis a base do casamento perfeito: longa conversa, a estender-se vida afora.

Pode o tempo passar, a paixão esgotar-se, a beleza física desfazer-se, mas, se o diálogo permanece, o amor fica.

Um amigo dizia:

- Não ocorre o contrário? Cessa o diálogo porque o amor foi embora?

Está confundindo amor com paixão.

Se o casamento foi baseado na paixão, na atração física, o diálogo acaba quando se esgota o desejo.

Isso acontece frequentemente na atualidade, de liberdade sexual confundida com libertinagem.



Diálogos frequentes, francos, abertos, aquele desvelar a alma, representam a poção mágica para uma união amigável e perfeita, com pleno entendimento entre os cônjuges.

Naturalmente, diálogos civilizados, de respeito mútuo, jamais resvalando para a lamentável pancadaria verbal, quando as pessoas põem-se a gritar e a ofender, conturbando a vida conjugal.

Diálogos bem-humorados, sinceros, amigos, de tal forma que sempre haverá o que conversar, e quando o marido disser "eu te amo", a esposa saberá que ele não está falando com a bebida.



(Richard Simonetti)




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