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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O APRIMORAMENTO DA ALMA DEMANDA TEMPO




O burilamento da alma é trabalho de largo tempo. 
Como diz Abel Gomes em mensagem constante do livro “Falando à Terra”, psicografado pelo médium Chico Xavier, nem todos se retiram na Terra e ingressam na pátria espiritual na posição de heróis. 
“A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes.”

Na Terra, diz Abel, notamos, em toda parte, homens e mulheres de boa vontade inequívoca na aceitação das verdades divinas, os quais, no entanto, não conseguem aplicá-las, de pronto ou de todo, à própria vida. 
Vemos companheiros que já conseguem livrar-se dos laços asfixiantes da cobiça, na zona do dinheiro, vivendo em louvável desprendimento das posses materiais. 
Contudo, muitos deles ainda se prendem à sexualidade, incapazes de quebrar os aguilhões que os ferretoam nesse domínio.

Outros, aquietados em perfeita serenidade, extinguiram, na profundeza anímica, os últimos resquícios das ardentes paixões carnais, mas apegam-se a míseros vinténs, convertendo a vida num culto lastimável e exclusivo ao ouro que o chão reclamará. 
Muitos ensinam o bem, com vigor e beleza nas palavras, mas adotam atitudes e atos que os desabonam, não obstante as intenções respeitáveis que os animam, demonstrando incapacidade no reger os próprios pensamentos e desintegrando com o verbo impulsivo as boas obras que executam com as mãos.

Não raros praticam o bem, mas simplesmente para com aqueles a quem se inclinam pela simpatia, negando-se a ajudar quantos lhes não penetram os círculos do agrado pessoal. 
Inúmeras pessoas se reconfortam com o ensino religioso de santificação em seu campo interior, mas o renegam na esfera de ação objetiva.

Manoel Philomeno de Miranda refere-se a isso no cap. 24 de seu livro “Painéis da Obsessão”, obra psicografada pelo médium Divaldo Franco.

Segundo ele, no retorno do Espírito à existência corporal, quando alguém se candidata a uma ação meritória, nunca deve esperar dos outros os exemplos de virtudes, nem as lições de elevação, mas examinar suas próprias disposições para verificar o que tem e o que pode, em nome de Jesus, oferecer. 
A simples candidatura ao bem não torna bom o indivíduo, tanto quanto a incursão no compromisso da fé não faz ninguém, de imediato, renovado.

Merecem respeito, portanto, não somente os triunfadores, quanto aqueles que persistem e agem sem descanso, mesmo quando não colimam prontamente os resultados felizes.

Nas experiências de elevação, entre outros impedimentos que surgem, a rotina é teste grave a ser superado. Enquanto há  novidades no trabalho, há  motivações e entusiasmos para realizá-lo. 
Depois, à medida que se fazem repetitivas, as ações tendem a cansar, diminuindo o ardor do candidato à operosidade e levando-o à saturação, à desistência.

Nesses momentos de cansaço, surgem as tentações do repouso exagerado, da acomodação, do tempo excessivo sem utilização correta, abrindo-se campo à censura indevida, que medra em forma de maledicência e espalha azedume e reproche, destruindo as leiras onde a esperança semeia o amor e a ternura. 
Muitas Obras do bem não resistem a esse período, quando as intenções superiores cedem lugar ao enfado e à comodidade, que propiciam a invasão das forças destrutivas e a penetração dos vigilantes adversários da luz.

Somente a humildade, que dá  a dimensão da pequenez e fraqueza humana, ante a grandiosidade da vida, faculta uma visão legítima que leva o indivíduo a recorrer à Divindade pela prece ungida de amor, antídoto eficaz para os distúrbios obsessivos. 
A prece liberta a mente viciada dos seus clichês perniciosos e abre a mente para a captação das energias inspiradoras, que fomentam o entusiasmo pelo bem e a conquista da paz através do amor. Entretanto, a fim de que se revista de força desalienante, necessita do combustível da fé, sem a qual não passa de palavras destituídas de compromisso emocional entre aquele que as enuncia e o Senhor a quem são dirigidas.

Mãe de inúmeras virtudes, a humildade é também essencial ao esforço que levará a alma ao aprimoramento moral a que somos destinados, conquanto tenhamos em mente que se trata de uma longa jornada a desdobrar-se ao longo de muitos e muitos séculos.

* Editorial - O Consolador.

                                                                



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