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sexta-feira, 28 de junho de 2013

A MENTE, MENTE



O reino da consciência é muito mais vasto do que aquilo que o pensamento é capaz de abranger. Quando você deixa de acreditar em tudo o que pensa, você sai do pensamento e vê claramente que quem está pensando não é quem você é essencialmente.
A mente funciona com “voracidade” e por isso está sempre querendo mais. 
Quando você se identifica com a sua mente, fica facilmente entediado e ansioso. 
O tédio demonstra que a mente deseja avidamente mais estímulo, mais o que pensar, e que essa fome não está sendo saciada. 
Quando você fica entediado, pode querer satisfazer a fome da mente lendo uma revista, dando um telefonema, assistindo à tevê, navegando na Internet, fazendo compras ou – o que é bem comum – transferindo a sensação mental de carência e sua necessidade de quero mais para o corpo e se satisfazendo temporariamente comendo mais.
A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se entediado e ansioso. A medida que você se dá conta dessa sensação, surge de repente um espaço e uma calma em volta dela.
Primeiro é um pequeno espaço interno, mas, à medida que esse espaço aumenta, o tédio começa a diminuir de intensidade e de significado. 
Dessa forma, até o tédio pode ensinar quem você é e quem não é. Você descobre que não é uma “pessoa entediada”.
O tédio é simplesmente um movimento de energia condicionada dentro de você. Da mesma forma, você não é uma pessoa irritada, rancorosa, triste ou medrosa. 
O tédio, a raiva, a tristeza e o medo não são “seus”, não fazem parte da sua pessoa. Eles são estados da mente humana.
E, por isso, vão e voltam. Nada daquilo que vai e volta é você. “Estou entediado.” 
Quem sabe disso? “Estou irritado, triste, com medo.” Quem sabe disso? Você é a pessoa que sabe disso. Você não é seus sentimentos.
Qualquer tipo de preconceito mostra que você está identificado com a mente pensante. 
Mostra que você não está vendo o outro ser humano, está vendo apenas seu conceito sobre aquele ser humano. Reduzir alguém a um conceito já é uma forma de violência.
O pensamento que não tem raízes na consciência passa a servir apenas aos interesses daquele que pensa e deixa de ter função.
A inteligência desprovida de sabedoria torna-se muito perigosa e destrutiva. E nesse estado que se encontra a maior parte da humanidade.
O predomínio do pensamento na ciência e na tecnologia – embora intrinsecamente não seja um fato ruim nem bom – tornou-se algo destrutivo, porque frequentemente esse pensamento não está enraizado na consciência.
O próximo passo na evolução humana é transcender o pensamento. 
Hoje é a nossa tarefa mais premente. Isso não significa que não devemos mais pensar, mas simplesmente que não devemos nos identificar com o pensamento nem ser dominados por ele.
Existe uma energia vital que você pode sentir em todo o seu Ser, em cada célula do seu corpo, independentemente dos seus pensamentos. 
Nesse estado de consciência, se você precisar usar a mente para algum fim prático, ela estará presente.
E a mente funciona muito bem quando a inteligência maior que é você se expressa através dela. Talvez você não tenha se dado conta, mas aqueles breves períodos em que fica “consciente sem pensar” já estão ocorrendo natural e espontaneamente em sua vida.
Você pode estar fazendo algum trabalho manual, andando pela casa, aguardando o embarque num aeroporto e estar tão presente que a estática habitual do pensamento se interrompe e é substituída por um estado de alerta.
Ou você pode estar olhando o céu ou ouvindo alguém falar, sem fazer qualquer comentário mental. Suas percepções se tornam transparentes como cristal, sem qualquer pensamento para toldá-las.
 Eckhart Tolle


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