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terça-feira, 30 de abril de 2013

O SERVO FELIZ



 
      Certo dia, chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador.
      Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.
      O Marechal aproximou-se, reverente, e falou:
      — Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante. Conquistei muitas medalhas de mé­rito, venci numerosos inimigos, recebi várias home­nagens em monumentos que me honram o nome.
      — Que deseja em troca de seus grandes servi­ços? — indagou o Enviado.
      — Quero entrar no Céu.
      O Anjo respondeu sem vacilar:
      — Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças cha­mam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.
      O Filósofo acercou-se do preposto divino e
— Anjo do Criador Eterno, venho do acanha­do círculo dos homens. Dei às criaturas muita ma­téria de pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicio­nários terrestres.
— Que pretende pelo que fez? — perguntou o Emissário.
— Quero entrar no Céu.
— Por agora, porém — respondeu o mensa­geiro sem titubear —, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as idéias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe os caprichos pes­soais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportuna-mente.
O  Político tomou a palavra e acentuou:
— Ministro do Todo-Poderoso, fui administra­dor dos interesses públicos. Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.
— Que pede em compensação? — perguntou o Missionário do Alto.
— Quero entrar no Céu.
O  Enviado, no entanto, respondeu, firme:
— Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz Íntima e volte depois.
Aproximou-se, então, o Lavrador e falou, hu­milde:
— Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra... plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las, nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no amor e na ter­nura de meus filhinhos...
O  Anjo sorriu e disse:
— Que prêmio deseja?
O  Lavrador pediu, chorando de emoção:
— Se Nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e continuar trabalhando. 
Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão, trans­formado em dadivosa espiga... Não aspiro a outra felicidade senão a de prosseguir aprendendo, se­meando, louvando e servindo!...
O  Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando igualmente, de júbilo:
— Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ou­vi-lo, porque diante do Trono Celestial apenas com­parece quem procura trabalhar e servir sem re­compensa.

(Fonte: Alvorada Cristã - Francisco Cândido Xavier - ditado pelo espírito Neio Lúcio)


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