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terça-feira, 5 de maio de 2015

UMA TAREFA UNIVERSAL


As previsões científicas para alterações ambientais são difíceis de serem inteiramente compreendidas por seres humanos comuns. 
Ouvimos falar de aquecimento global e elevação dos níveis dos oceanos, aumento dos índices de câncer, explosão demográfica, devastação de recursos, e extinção de espécies. 
Por toda parte, a atividade humana está acelerando a destruição de elementos-chave de ecossistemas naturais dos quais todos os seres viventes dependem.


Estes desenvolvimentos ameaçadores são individualmente drásticos e coletivamente surpreendentes. A população mundial triplicou apenas neste século e espera-se que ela dobre ou triplique no próximo século. 

A economia global pode crescer um fator de cinco ou dez vezes, inclusive com índices extremos de consumo de energia, produção de gás carbônico, e desflorestamento. 
É difícil imaginar todas estas coisas realmente acontecendo durante a nossa vida e as vidas de nossos filhos. Precisamos considerar este panorama de sofrimento e degradação ambiental global sem par na história humana.


No entanto, penso que há boas notícias e que agora definitivamente teremos de encontrar novas formas de sobrevivermos juntos neste planeta. 

Já vimos neste século guerras, pobreza, poluição e sofrimentos suficientes. 
Segundo os ensinamentos budistas, tais coisas acontecem como resultado da ignorância e de atos egoístas, porque freqüentemente deixamos de ver a relação comum essencial entre todos os seres. 
A terra está nos enviando avisos e indicações claras dos vastos efeitos e potencial negativo do comportamento humano mal direcionado.


Para neutralizar estas práticas prejudiciais podemos aprender a ser mais conscientes de nossa dependência mútua. 

Todo ser senciente quer a felicidade em vez de dor. Então, compartilhamos o mesmo sentimento básico. 
Podemos desenvolver a ação correta para ajudar a terra e uns aos outros baseados em uma motivação melhor. 
Portanto, sempre falo da importância de desenvolver um senso genuíno de responsabilidade universal. Quando somos motivados por sabedoria e compaixão, os resultados de nossas ações beneficiam a todos e não a nós mesmos ou a alguma conveniência imediata. 
Quando conseguirmos reconhecer e perdoar atos ignorantes do passado, ganhamos força para solucionar os problemas do presente de forma construtiva.


Devemos estender esta atitude para sermos preocupados com todo o nosso meio ambiente. 

Como princípio básico, penso que é melhor ajudar se puder, e se não puder, pelo menos tentar não prejudicar. 
Esta é uma orientação especialmente adequada quando houver ainda muito a compreender sobre as inter-relações complexas dos diversos e únicos ecossistemas.


Precisamos saber cuidar, nós mesmos, de toda a Terra e da vida sobre ela, e também de todas as gerações futuras. 

Isto significa que a educação do meio ambiente é de grande importância para todos. 
O aprendizado científico e o progresso tecnológico são essenciais para melhorar a qualidade de vida no mundo moderno. 
Ainda mais importante é a prática simples de conhecer e melhor apreciar os nossos arredores naturais, e a nós mesmos, quer sejamos crianças ou adultos. 
Se tivermos um apreço verdadeiro pelos outros e resistirmos agir movido por ignorância, estaremos cuidando da Terra.


No sentido maior, educação ambiental significa aprender a manter um modo de vida equilibrado. 

Todas as religiões concordam que não podemos encontrar satisfação interna duradoura baseada em desejos egoístas e aquisição do conforto de coisas materiais. 
Mesmo se pudéssemos, agora há tanta gente que a terra não nos sustentaria por muito tempo. 
Penso que é muito melhor praticar apreciar uma simples paz de espírito.
Podemos compartilhar a terra e juntos cuidarmos dela, em vez de tentarmos possuí-la e, no processo, destruir a beleza da vida.


As culturas antigas que se adaptaram aos seus meio ambientes naturais podem oferecer uma visão especial sobre a estruturação de sociedades humanas para que existam em equilíbrio com o meio ambiente. 

Por exemplo, os tibetanos estão singularmente familiarizados com a vida no Planalto do Himalaia. 
Isto evoluiu para uma longa história de uma civilização que cuidou de não sobrecarregar e destruir o seu frágil ecossistema. 
Os tibetanos há muito apreciam a presença de animais selvagens como símbolos da liberdade. 
Uma profunda reverência pela natureza está aparente em grande parte das artes e cerimônias tibetanas. 
O desenvolvimento espiritual prosperou apesar do limitado progresso material. 
Assim como as espécies podem não se adaptar a alterações ambientais relativamente repentinas, as culturas humanas também precisam ser tratadas com cuidado especial para garantir a sobrevivência. Portanto, aprender o modo de vida dos povos e preservar suas heranças culturais é também uma parte do aprendizado de cuidar do meio ambiente.


Eu sempre tento expressar o valor de ter um bom coração. 

Este simples aspecto da natureza humana pode ser alimentado e alcançar uma grande força. 
Com um bom coração e sabedoria, você tem a motivação correta e automaticamente fará o que for preciso. 
Se as pessoas começarem a agir com uma autêntica compaixão por todos, ainda podemos proteger uns aos outros e o meio ambiente natural. Isto é muito mais fácil do que ter que adaptar às condições ambientais severas e incompreensíveis que são projetadas para o futuro.


Agora, olhando de perto, a mente humana, o coração humano, e o meio ambiente estão inseparavelmente interligados. 


Neste sentido, a educação ambiental ajuda a gerar a compreensão e o amor que precisamos para criar a melhor oportunidade jamais vista para a paz e coexistência duradoura.

*Dalai Lama


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