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sábado, 11 de julho de 2015

INCREDULIDADE

                                                                     



O problema da incredulidade do homem a respeito da vida espiritual resulta de muitos fatores que têm caráter imediatista. 
Primeiro, do engodo propiciado por algumas crenças religiosas que, pretendendo explicar a Divindade, lhe atribuíram natureza humana com humanas paixões. 
Segundo, porque, despertando após a morte do corpo, no mundo da consciência, os discípulos e fiéis de ditas crenças não encontraram o proclamado paraíso, derrapando em funda amargura ao constatarem a continuação da vida nos moldes em que fora plasmada no organismo físico, sem o acumpliciamento de milagres transformadores das paisagens íntimas, a golpes de subornos emocionais. 
Ainda, também, em razão do atavismo animal, pela fixação nas manifestações sensoriais de que, somente através de esforços contínuos no sentido da elevação pessoal, se conseguirá libertar. 
Em suma, por injunção dos homens preconceituosos, que, se dizendo amantes da Ciência, mesmo quando animados de propósitos nobres, pesquisam e indagam, resolvendo-se, porém, por uma atitude sempre cética, mesmo após defrontarem as aneladas constatações que procuram, apressadamente, dar outro conteúdo explicativo, fugindo à realidade da sobrevivência do ser a destruição da tecelagem material.

Tão normal e exclusivo parece o mundo sensorial ao homem que, defrontado pela manifestação da realidade parafísica, se deixa fascinar pelo anelo de impor-lhe regras caprichosas e metodologia especial, malgrado reconheça viver numa expressão orgânica que é efeito de outra, mesmo não lhe sabendo explicar a causalidade.

Quando defrontado pelo fenômeno mediúnico ou anímico, paranormal em qualquer expressão, propõe especificidade de manifestação, armando-se de ardis e suspeitas que chegam, não raro, ao absurdo, senão ao ridículo. 

Acautelam-se e propõem fórmulas, desconsiderando a possibilidade de que os agentes desses fenômenos sejam portadores de uma natureza espiritual, homens, portanto, apesar da ausência corporal, caprichosos uns, arrogantes outros, como os próprios examinadores... Todavia, quando constatam a legitimidade de uma informação mediúnica de ordem intelectual apelam ora para a telepatia, ora para a hiperestesia, asseverando que tal informe não é válido porque já conhecido por alguém. 
E se não o podem comprovar, ei-lo negado por ausência de sustentação probante da sua validade. No que tange aos fenômenos de natureza objetiva, recorrem aos poderes psicocinéticos da mente, atribuindo-lhe caráter quase divino e força criadora absoluta, capazes de acionar, mediante mecanismos complexos e inexplicáveis, os corpos sólidos, interpenetrá-los, materializá-los e desconectá-los...

Se defrontam uma forma espiritual materializada, recorrem desde à alucinação aos misteriosos ardis do subconsciente, sempre negando a causa. 

Quando registrados por aparelhagem sensível da eletrônica, filmados e medidos, reagem de início à possibilidade do princípio imortalista, recorrendo a sofismas bem armados e à presunção de que os fatos já observados, discutidos e catalogados não bastam.

Nunca, porém, conseguem uma forma de examinar o fenômeno, senão afirmando sempre tratar-se de uma burla da mente que, apesar disso, se obstina em confirmar a procedência espírita, embora a sistemática negação dos que o promovem ou dele se fazem instrumento. Os fatos, porém, são severos, e estes, a pouco e pouco, vão rompendo a vaidosa casca em que se refugiam os incrédulos que, espicaçados pela dor ou pela curiosidade, vencidos pela sofreguidão das complexas engrenagens da alma em aturdimento ou da pesquisa honesta, vão cedendo campo e reconhecendo a própria pequenez em que labutam diante da grandiosidade da Vida na qual estão inapelavelmente, engajados.

Criticados os mais audaciosos que se resolvem pela honestidade das afirmações resultantes de laboriosos anos de investigação e estudos, fazem-se, todavia, pioneiros fáceis de serem imitados pelos que os sucedem.

Médicos, genetas, biólogos, psiquiatras, psicólogos, neurólogos, patologistas, parapsicólogos e tantos outros estudiosos das ciências da vida relatam suas experiências, dão-se as mãos e superam as chulas zombarias da empáfia como da acomodação, as vãs e ridículas agressões de periodistas mal informados, que vivem a soldo do escândalo e da aventura, somando e documentando fenômenos que se transformam em inamovíveis bases das suas afirmações. Cautelosos, vêm a público, a princípio em monografias, em conferências entre seus pares como a discreta madrugada sobre a noite dominante e, por fim, superando barreiras, em livros, reportagens, congressos e conferências públicas.

É a vitória do homem sobre si mesmo que o faz valoroso, cheio de coragem e fé nas altas e nobres expressões da Humanidade.

Por fim, a morte soberana e fatalista, dominadora das funções transitórias do corpo somático, se aproxima e consome a todos, facultando aos calcetas e renitentes a constatação, embora a longo prazo, da causalidade e sobrevivência, não raro, a pesado tributo de amargura, arrependimento tardio e sombra... 

Mesmo nesse caso, porque vigem o amor e a misericórdia de Deus, o futuro se abre promissor a todos, facultando-lhes recomeço para a ascensão e reinício de lutas para a liberdade, a fim de lograr as altas metas do existir.



*Pelo Espírito Vianna de Carvalho - psicografia Divaldo Franco - 
obra: Semente de Vida Eterna.

                                                    


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